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‘Crise de confiança’, Bolsonaro e a Papuda, Pollon no PL e Gianni fora e Reinaldo sem discurso

Juca Vinhedo –

A FRASE

“Se meu escolhido não conseguir votos no Senado para ocupar a cadeira de ministro no Supremo, revelarei como estou sendo vítima de chantagem de grupo de eventual outro candidato”.

 (Presidente Lula, num suposto comentário em uma roda em Belém, na defesa de Jorge Messias para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

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Abraço de afogados

O Centrão e o bolsonarismo deram mais um abraço de afogados na Câmara. Desta vez para enterrar a crítica petista ao PL Antifacção. A aliança voltou com tudo para entregar ao crime organizado a “resposta mais dura da história”, desde que essa resposta venha com muitos votos e menos relatoria do Planalto.

Ginástica legislativa

Dizem nos corredores da Casa que o presidente da Câmara, Hugo Motta, andou fazendo malabarismos tão hábeis que poderia dar aula na Cirque du Soleil. Ele segurou relatórios que mudavam mais do que previsão de tempo, negociou com bolsonaristas, centrão e petistas e ainda saiu dizendo que “a melhor versão do projeto” foi a aprovada. É aquele velho truque: transformar cambalhotas políticas em discurso de vitória.

Derrota do governo

Em votação histórica, a Câmara aprovou o PL Antifacção por 370 votos a favor e 110 contra, em derrota significativa para o governo Lula. A proposta, relatada por Guilherme Derrite e conduzida dentro da gestão de Hugo Motta, foi alterada de forma que divergências entre o Executivo e o Legislativo ficaram evidentes. O resultado evidencia a fragilidade da base aliada, já que cerca de 60% dos votos favoráveis vieram de partidos tradicionalmente próximos ao governo.

Crise de confiança

Lindbergh Farias (PT-RJ), líder da bancada petista na Câmara, classificou a votação do PL Antifacção como indicativo de uma “crise de confiança” entre o Palácio do Planalto e o presidente da Casa, Hugo Motta. Segundo ele, a mudança no texto original proposto pelo governo, aliada à condução acelerada das negociações, mostra uma desconexão crescente entre Executivo e Legislativo. Já da parte de Motta e seus aliados, há quem afirme que a versão aprovada é “a mais robusta para enfrentar o crime organizado”.

Contagem regressiva

Com a publicação do acórdão que rejeitou os primeiros embargos da defesa de Jair Bolsonaro, abriu-se a porta para que Alexandre de Moraes determine o início da pena já nos próximos dias. Advogados lembram que, somados os prazos e o ritmo acelerado do gabinete, o caminho ficou curto. O precedente do caso Collor voltou ao debate e reforça a chance de uma decisão rápida e com poucas margens para manobras.

O fantasma dos embargos

Ainda cabem novos embargos, mas especialistas avaliam que os infringentes dificilmente prosperam. Falta o requisito básico: divergência de dois ministros, e Bolsonaro teve apenas o voto de Fux. Penalistas admitem discussão teórica, mas pouca chance prática. Na leitura dos bastidores, isso encurta a disputa e deixa a defesa com um tabuleiro cada vez menor.

Rapidez assombrosa

O que mais preocupa a defesa do ex-presidente é o relógio, ou melhor, a velocidade de Moraes. O gabinete costuma decidir com agilidade, inclusive em casos sensíveis. Isso, somado ao histórico de rejeição de recursos considerados protelatórios, aumenta a possibilidade de uma decisão monocrática antes que a defesa tente alongar o processo. Nos corredores de Brasília, a percepção é clara: tempo é um luxo que a defesa não tem.

Comunicação em reforma

A sanção da Política Nacional de Linguagem Simples deve provocar uma revisão ampla nos materiais de comunicação do governo federal. A lei exige textos mais curtos, claros e diretos, além da substituição de termos técnicos por palavras de fácil compreensão. Órgãos públicos já iniciaram o levantamento de formulários, orientações e mensagens que precisarão ser adaptados. A expectativa na Esplanada é que as mudanças reduzam custos administrativos e diminuam a demanda por esclarecimentos ao cidadão.

Fora da gestão pública

A proibição do uso de linguagem neutra na comunicação oficial foi o ponto mais sensível da nova política. O tema divide setores da esquerda, que veem a medida como um recuo, e mobiliza a atenção de parlamentares que acompanham a disputa jurídica sobre o assunto. A determinação atinge também Estados e municípios, que não poderão adotar formas alternativas de flexão de gênero em documentos públicos, reforçando o entendimento do STF sobre a competência da União para tratar do tema.

Governo avalia

Integrantes do governo afirmam que o presidente Lula acertou ao sancionar integralmente o texto. A leitura interna é que, apesar de ser identificado com setores de esquerda que defendem a linguagem neutra, Lula agiu como estadista ao priorizar regras que atendem ao conjunto da população.

Lula errando e… acertando

O detalhe que chamou atenção nos bastidores foi o silêncio da oposição. Crítica habitual da linguagem neutra, a direita não se manifestou sobre a decisão, avaliada por auxiliares do presidente como um reconhecimento tácito de que Lula, como qualquer líder político, comete erros, mas também acerta.

Mapeando mudanças

Técnicos de diversas pastas iniciaram a revisão de documentos que precisarão se adequar às novas diretrizes. O processo envolve simplificar instruções, reorganizar formulários e testar mensagens com o público-alvo. A orientação é priorizar esclarecimentos objetivos e reduzir etapas burocráticas. Segundo assessores, o impacto será gradual, mas deve melhorar a compreensão das informações e facilitar a participação de cidadãos em serviços e programas federais.

Maioria contra Eduardo

A Primeira Turma do STF formou maioria para tornar Eduardo Bolsonaro (PL-SP) réu por coação no curso do processo. Moraes, Dino e Zanin votaram pelo recebimento da denúncia, que aponta articulações do deputado nos EUA para pressionar autoridades brasileiras por meio de sanções e tarifas. A ação penal será aberta após o fim da votação, prevista para 25 de novembro.

Cresce risco de cassação

Eduardo Bolsonaro está fora do país desde fevereiro e não voltou ao trabalho após o fim de sua licença em julho. A ausência prolongada pode levar à cassação do mandato por faltas. O julgamento ocorre em plenário virtual, ainda sem o voto de Cármen Lúcia. A vaga deixada por Fux na Turma aguarda indicação presidencial.

Defesa: perseguição

A defesa do deputado, feita pela DPU, afirma que a acusação se baseia em manifestações protegidas pela liberdade de expressão. Nas redes, Eduardo chamou o processo de “caça às bruxas”. Moraes, porém, sustenta que há evidências de articulação.

Quatro postulantes

A direita sul-mato-grossense promete transformar duas vagas no Senado em uma espécie de guerra santa — e sem santo. A família Bolsonaro já lançou Pollon, Gianni, Reinaldo e Contar, como quem joga tudo no tabuleiro e vê o que cola. Com tanta disputa, o eleitor pode precisar de GPS para saber quem é o “oficial”. E olha que a campanha nem começou.

Reconciliações improváveis

Reinaldo Azambuja virou “bolsonarista raiz” após três décadas de PSDB, com direito a festa do PL e tapete vermelho. Logo depois, o partido convidou Capitão Contar, que já pediu impeachment do próprio Azambuja — política é mesmo o esporte da flexibilidade. Agora, um manda, o outro obedece… ou pelo menos finge. E 2026 promete ainda mais ajustes de rota.

Pollon, o “leal demais”

Eduardo Bolsonaro jura que Pollon é o nome da família, mas nos bastidores ele é tratado como “independente em excesso”. Com o PL cheio de candidatos e pouco espaço, há quem diga que o deputado pode acabar trocando de partido — ou até mirando o Governo do Estado. Na dúvida, Pollon segue fiel… a si mesmo.

Centro-direita, esperando

Enquanto a direita se empurra para ver quem chega primeiro ao Senado, Soraya tenta se reinventar como candidata de centro-direita e garante que não briga mais com Reinaldo. Já Gerson Claro torce para escapar da herança de Adriane Lopes. No outro campo, PT e MDB observam de camarote: Vander ou Simone: alguém leva essa sem precisar levantar a voz.

Nelsinho Trad absolvido

O ex-prefeito Nelsinho Trad utilizou mudanças da Lei de Improbidade, aprovadas em 2021, para encerrar sua condenação no caso da Operação Tapa-buracos. A defesa alegou retroatividade, prescrição e ausência de dolo. O juiz Ariovaldo Nantes Corrêa acolheu os fundamentos legais apresentados. A sentença registra que os novos critérios da legislação impactaram diretamente o desfecho do processo.

Juiz aponta irregularidades

Na decisão, o magistrado rejeita a tese de “mero ato de gestão” e cita irregularidades no processo envolvendo a Proteco Construções. O juiz menciona direcionamento no edital, problemas na execução do contrato e elementos que, segundo ele, indicariam dolo do então prefeito. O documento detalha ainda os atos administrativos considerados determinantes para o resultado da licitação.

Outros condenados

Outras nove pessoas foram condenadas no mesmo caso, totalizando cerca de R$ 24 milhões entre multas e ressarcimentos. Nelsinho, inicialmente condenado a sanções políticas e financeiras, teve as penalidades afastadas com base na nova LIA. A sentença também aborda a participação de ex-secretários municipais envolvidos no processo. O juiz registra que os valores decorrem do conjunto de irregularidades atribuídas ao grupo.

MS com recursos verdes

Mato Grosso do Sul foi oficialmente habilitado pelo CONAREDD+ a acessar pagamentos internacionais por resultados de conservação no Cerrado. A Semadesc agora conduz certificação e comercialização dos créditos. É um passo que confirma a boa governança ambiental do Estado e abre portas para novos investimentos.

Carbono do Cerrado

Na COP 30, o governador Eduardo Riedel confirmou o lançamento, em janeiro de 2026, de um edital para organizar o mercado de carbono do Cerrado. O objetivo é atrair parceiros especializados e garantir transparência, segurança jurídica e projetos sólidos dentro do modelo REDD+.

Estoque impulsiona MS

Com a elegibilidade reconhecida, o Estado poderá certificar um volume expressivo de emissões evitadas no Cerrado. Esse estoque reforça o potencial de MS na economia verde e fortalece a meta de carbono neutro até 2030.

Fazendo a diferença

A habilitação também reconhece o avanço de políticas públicas, monitoramento e salvaguardas socioambientais em MS. Com grande área de vegetação nativa preservada, o Estado se firma como referência nacional em conservação e desenvolvimento sustentável.

 “Sucesso absoluto”

A ministra Simone Tebet reagiu ao relatório da ONU que apontou falhas de infraestrutura, atrasos e gargalos na COP30, em Belém. Para ela, a conferência é “um sucesso” e motivo de encanto, mesmo após chuva, alagamentos e credenciamento tumultuado. Simone destacou a hospitalidade local e disse que encontrou delegações “felizes da vida”;  inclusive ela, que apareceu de tênis na TV, detalhe que parece ter virado símbolo de leveza em meio aos problemas logísticos.

Celebrando entregas

Apesar das críticas internacionais, Tebet afirma que esta é a “COP da entrega”, lançando com BNDES e BID o programa Amazônia Sempre, que promete mais de US$ 1 bilhão para segurança hídrica, energia limpa e cidades resilientes. Segundo a ministra, já há R$ 20 bilhões prontos para bioeconomia e economia verde, e “não falta comida nem água” no evento. A conferência segue até a próxima semana, enquanto governo e estado seguem ajustando fluxos para garantir que o sucesso proclamado acompanhe, de fato, o calendário.

Gianni fora do PL

A vice-prefeita Gianni Nogueira deixou claro que não ficará no PL se a sigla não bancar sua candidatura ao Senado em 2026. Anunciada por Bolsonaro como “nome da vez”, ela percebeu que perdeu espaço nas negociações internas. Diante do cenário, afirmou que trocar de partido é opção real. O recado foi curto, claro e com endereço certo.

Embaralhando o tabuleiro

O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, oficializou Capitão Contar como pré-candidato ao Senado — movimento que, na prática, fecha a porta para Gianni. A outra vaga tende a ficar com Reinaldo Azambuja, novo comandante do partido no Estado. Ao saber da manobra, Gianni reagiu com um irônico: “Que comecem os jogos”. No PL, já começaram faz tempo.

Reinaldo perde o discurso?

Reinaldo Azambuja vinha repetindo que o PL não lançaria dois nomes ao Senado, sob argumento de “preservar aliados”. Bastou Valdemar decidir sozinho para o discurso cair por terra. O convite a Contar atropelou PSDB, PP, PSD e quem mais estivesse na fila. No fim, Reinaldo comanda o partido, mas quem mexe as peças continua sendo Brasília.

Pesquisas não vieram

Gianni aguardava um consenso entre Reinaldo, Riedel e Tereza Cristina, que analisariam pesquisas antes de definir o candidato. Também estavam no circuito Gerson Claro e Nelsinho Trad. Mas Valdemar não quis saber de calendário, acordos ou alianças. Lançou Contar, ignorou os parceiros — e deixou o bloco inteiro correndo atrás do prejuízo.

Aqui vão duas notas, Ricardo — enxutas, irônicas na medida certa e fiéis ao espírito do texto.

Soraya provoca

A senadora Soraya Thronicke reagiu com ironia à especulação de que Carlos Bolsonaro poderia disputar o Senado por Mato Grosso do Sul. Disse ter ficado “animadíssima” com a chance de enfrentá-lo em debates e lamentou, também ironicamente, a negativa da família Bolsonaro. Segundo Soraya, “ainda há tempo” para Santa Catarina “enviá-lo” para MS.

Família descarta MS

Carlos Bolsonaro afirmou que permanecerá em Santa Catarina, encerrando rumores sobre eventual candidatura em Mato Grosso do Sul. O irmão, Eduardo Bolsonaro, reforçou a informação e ainda apontou Marcos Pollon como o nome preferido do clã para o Senado no Estado. Soraya, por sua vez, manteve o tom provocativo e disse que o receberia “de braços abertos”, caso ele mudasse de ideia.

Estatística macabra

Com a morte de Gabrielle dos Santos, essa semana em Sonora, Mato Grosso do Sul chega ao 37º feminicídio do ano. São números que já deixaram de chocar porque viraram rotina, e isso é o pior sinal de todos. Até quando vamos ostentar indicadores tão degradantes? Em pleno século 21, como aceitar que mulheres sigam sendo executadas dentro de casa, por companheiros que deveriam protegê-las?

Tempos adoecidos

A lista de vítimas cresce mês a mês, com histórias de ciúmes, possessividade, embriaguez, violência prolongada e crueldade extrema. O que está acontecendo conosco? Onde falhamos como sociedade? É a ausência de políticas consistentes? É negligência familiar e social? Ou estamos vendo, em tempo real, um sintoma brutal de tempos adoecidos?

De quem é a falha

Quando um Estado lidera o ranking nacional de feminicídios, algo está muito errado. Mas será só culpa dos governantes? Ou também estamos falhando na formação de meninos que crescem acreditando que mulheres lhes pertencem? A violência se repete no campo, na cidade, entre jovens, adultos e idosos. O padrão é sempre o mesmo; e o silêncio também.

Perguntas sem resposta

São mulheres baleadas, esfaqueadas, enforcadas, queimadas vivas, decapitadas, carbonizadas. Um rosário de horrores que exige mais que estatística: exige ação. Será que naturalizamos o inaceitável? Até quando vamos assistir, ano após ano, a números que só aumentam? É preciso encarar a pergunta mais dura de todas: o que estamos nos tornando?

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BASTIDORES DO PODER

O café frio de JK

Nos corredores do poder, havia um segredo silencioso que todos os assessores de JK conheciam: nunca, jamais, deixem o presidente beber café frio. Não por frescura — mas porque café frio era o único inimigo capaz de tirar aquele sorriso permanente do rosto dele.

Certo dia, numa manhã turbulenta no Catete, enquanto relatórios se empilhavam e um deputado temperamental esperava para cobrar cargos, JK finalmente sentou para respirar. A xícara estava ali, fumacinha ainda subindo. Ele a levou aos lábios… e, no exato segundo em que o café tocou a boca, um assessor entrou desesperado na sala:

“Presidente! A oposição vai pedir vistas do projeto das rodovias!”

JK fechou os olhos. O café esfriou. O assessor congelou. Por três longos segundos, o Brasil inteiro poderia jurar que escutou o futuro suspender o fôlego.

Então, JK abriu um sorriso daqueles que só ele fazia: “Meu filho, pedir vistas é fácil. Difícil é enxergar o país lá na frente.” Levantou-se, ajeitou o paletó e saiu para a negociação como quem vai pedir açúcar emprestado ao vizinho.

Uma hora depois, voltou com o apoio garantido. O assessor, aliviado, ofereceu outra xícara. Quente, desta vez.

JK bebeu, sorriu e disse: “Está vendo? Política é como café. Se esfria, a gente esquenta de novo. O importante é não derramar.”

E foi assim que o deputado temperamental virou aliado, o projeto avançou — e o café, no Catete, nunca mais ousou esfriar.

'Crise de confiança', Bolsonaro e a Papuda, Pollon no PL e Gianni fora e Reinaldo sem discurso
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