Evento reúne mais de 50 chefes de Estado em Belém e marca a abertura política da conferência; Lula deve lançar fundo internacional para florestas tropicais
A Cúpula dos Líderes da COP30 começa nesta quinta-feira (6) em Belém (PA), reunindo governantes de todo o mundo para discutir o futuro das ações climáticas globais. O evento, convocado pelo presidente Lula, marca a abertura política da Conferência do Clima das Nações Unidas e é realizado pela primeira vez no coração da Amazônia.
Mais de 50 chefes de Estado e de governo e 143 delegações participam da reunião de dois dias, que antecede as negociações formais da COP30, previstas para ocorrer entre 10 e 21 de novembro. O encontro terá discurso de abertura de Lula e do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o português António Guterres, que deve pedir maior compromisso das nações com as metas climáticas.
O que é a Cúpula dos Líderes
A Cúpula dos Líderes é o espaço de coordenação política de alto nível que antecede as discussões técnicas e negociações oficiais da COP.
Embora não tenha caráter deliberativo, o evento serve para orientar o rumo político das conversas que definirão acordos e metas durante a conferência. Em outras palavras, é o momento em que os líderes mundiais definem o tom das negociações e sinalizam o grau de compromisso de cada país com a agenda climática.
Segundo o embaixador Maurício Lyrio, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, “a cúpula não produz documentos finais ou decisões formais, mas dá direção política à COP”.
A diferença em relação a outras conferências é que, desta vez, a reunião de líderes ocorre antes do início oficial da COP, liberando mais tempo para os negociadores técnicos trabalharem nos detalhes dos acordos.
Principais temas e o Fundo das Florestas
Na sessão inaugural, dedicada a clima, natureza, florestas e oceanos, o presidente Lula apresentou oficialmente o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (Tropical Forests Forever Fund – TFFF), iniciativa que propõe recompensar financeiramente os países que preservam suas florestas tropicais.
O fundo deve mobilizar R$ 625 bilhões (US$ 125 bilhões) em recursos de países, fundações e mercado financeiro, com pelo menos 20% destinados a povos indígenas e comunidades locais. A proposta proíbe investimentos em combustíveis fósseis e prevê remuneração anual por hectare preservado, com foco em países da Amazônia, da Bacia do Congo e do Sudeste Asiático.
Outras sessões abordarão transição energética e o financiamento climático global, com destaque para o Roteiro Baku-Belém, plano conjunto entre o Azerbaijão e o Brasil que propõe mobilizar US$ 1,3 trilhão anuais até 2035 para fortalecer ações de mitigação e adaptação.
Quem participa
Segundo o Itamaraty, estão confirmadas 143 delegações, incluindo chefes de Estado, vice-presidentes, ministros de meio ambiente, energia e relações exteriores, além de representantes de organismos internacionais.
Entre as principais autoridades estão:
- Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil;
- António Guterres, secretário-geral da ONU;
- Emmanuel Macron, presidente da França;
- Keir Starmer, primeiro-ministro do Reino Unido;
- Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul;
- Jonas Gahr Støre, primeiro-ministro da Noruega;
- António Costa, presidente do Conselho Europeu;
- Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia;
- William Ruto, presidente do Quênia;
- Andrew Holness, primeiro-ministro da Jamaica;
- Ding Xuexiang, vice-primeiro-ministro da China (representando Xi Jinping);
- Príncipe William, representando o rei Charles III.
Entre as ausências notáveis, estão Donald Trump (EUA), Xi Jinping (China) e Javier Milei (Argentina). Os Estados Unidos não enviaram representantes políticos de alto escalão, e a China participa apenas com uma delegação técnica.
Belém, capital climática
Sede do evento, Belém passou por obras de infraestrutura e segurança para receber cerca de 70 mil participantes durante todo o período da COP30. O governo federal decretou Garantia da Lei e da Ordem (GLO), a pedido do governador Helder Barbalho, para reforçar a segurança, medida semelhante à adotada em eventos como o G20 e a reunião dos BRICS.
O Parque da Cidade abriga tanto a zona azul, onde ocorrem as negociações oficiais da ONU, quanto a zona verde, que recebe fóruns paralelos, painéis técnicos e eventos da sociedade civil.

