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Um pai e o perdão, Vander e cotados, radar tucano, Trad x Malafaia e pontes, não muros

Juca Vinhedo –

A FRASE

A indústria de combustível fóssil é o grande motor do aquecimento do clima. Precisamos de formas alternativas de combustível, não podemos continuar a explorar petróleo. Agora explorar petróleo na Amazônia, não acho uma boa ideia. É mais uma pressão para uma área de proteção e aumenta as preocupações que já existem ao longo da costa brasileira, como excesso de pesca e poluição.

(Paul Watson, ambientalista canadense que vai participar, em novembro, da 30° Conferências das Partes sobre a Mudança do Clima (COP30), em Belém.)

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Diplomacia com rumo e norte

Lula embarcou terça-feira (21) para uma missão que vai além dos rituais protocolares. A presença do presidente na cúpula da Asean marca a primeira participação do Brasil nesse fórum, sinal de reposicionamento global. Com visitas à Indonésia e à Malásia, o Planalto busca ampliar parcerias no eixo asiático e reduzir a dependência de blocos tradicionais, movimento que é visto como estratégico por diplomatas.

Economia em expansão

O comércio é o alicerce da aproximação com o Sudeste Asiático. Em 2023, o Brasil movimentou US$ 37 bilhões com países da Asean, que já respondem por 20% do superávit comercial. O governo aposta que a viagem reforçará a imagem do Brasil como parceiro confiável, especialmente num cenário global de tensões tarifárias. Pragmatismo é a palavra de ordem.

Pontes, não muros

Mais que acordos, a viagem simboliza abertura e diálogo. Lula retoma o papel do Brasil como articulador internacional, disposto a conversar com todos os lados. Há expectativa até de um encontro com Donald Trump, gesto que mostraria maturidade diplomática e a disposição brasileira de construir pontes, não muros.

Multa e contexto político

A Corte fixou ainda indenização de R$ 30 milhões por danos materiais e morais coletivos, a ser paga solidariamente pelos réus. Com as decisões desta terça-feira, o STF soma 15 condenações relacionadas à trama golpista de 2022, incluindo a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A decisão reforça a linha dura do tribunal nos processos sobre desinformação e ataques às instituições democráticas.

Fábio Trad rebate Malafaia

O ex-deputado federal Fábio Trad (PT) reagiu nas redes sociais a um vídeo recente do líder político-religioso Silas Malafaia, que criticou evangélicos apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No vídeo, ele afirmou sentir “vergonha” desses fiéis, o que motivou resposta imediata do advogado sul-mato-grossense: “De novo, Malafaia grita para excluir, dividir e segregar. E mente. Mente descaradamente. Tudo em nome de Deus! Até quando?”

Olho em 2026

A manifestação reacendeu a presença política de Fábio Trad, que segue sendo citado como possível candidato ao Governo do Estado em 2026, em uma eventual disputa com Eduardo Riedel (PSDB). Apesar de não confirmar planos eleitorais, o ex-parlamentar tem mantido atuação ativa nas redes sociais, onde mistura comentários jurídicos, análises políticas e críticas a discursos extremados.

Justiça em defesa de Frei Chico

O sindicalista Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, obteve uma liminar da Justiça de São Paulo determinando a remoção de dez postagens nas redes sociais que o acusavam de envolvimento em crimes contra aposentados. A decisão da juíza Ana Luiza Madeiro Cruz Eserian reconheceu a falsidade das informações e apontou intenção de ofensa nas publicações. As plataformas envolvidas – Facebook, Instagram, YouTube e Kwai – devem cumprir a medida sob pena de multa diária.

CPMI e contexto político

A decisão ocorre em meio aos trabalhos da CPMI que investiga fraudes em descontos de aposentadorias do INSS, instaurada após operação da Polícia Federal. O Sindnapi, onde Frei Chico é vice-presidente, é uma das entidades sob apuração. Em nota, ele afirmou estar sendo alvo de “julgamento antecipado” e negou qualquer envolvimento em irregularidades, defendendo a apuração dos fatos com equilíbrio.

Pressão e repercussões

Aliados do Planalto classificam o caso como tentativa de atingir politicamente o governo por meio do irmão do presidente. Já a oposição vê na CPMI uma oportunidade de ampliar o desgaste da base governista. A magistrada, ao conceder a liminar, destacou a urgência em “desvincular os nomes dos autores de uma narrativa criminosa”, reforçando o caráter provisório da decisão, que ainda cabe recurso.

Em alta velocidade

O presidente do PP, Ciro Nogueira, é apontado como um dos articuladores da bancada das bets. O senador chegou a viajar em jatinho de empresário ligado ao setor para assistir ao GP de Mônaco e trocou farpas públicas com Soraya durante os debates da CPI. A atuação reforça o perfil de um grupo coeso, pragmático e silencioso, que tem conseguido vitórias expressivas sem precisar levantar muito a voz.

Magoou

A senadora Tereza Cristina (PP), ex-ministra da Agricultura afirmou, semana passada que é a favor de candidaturas viáveis no seu campo ideológico à presidência da República e citou três nomes: os governadores do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), além da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL). O filho de Bolsonaro que “exerce” mandato de deputado federal morando nos Estados Unidos, não gostou nada do que a senadora disse. Afirma que ele mesmo pode ser o candidato do grupo.

“Meu garoto”

Eduardo Bolsonaro afirmou que, além de ser candidato à presidência da República, quer ter o deputado federal Marcos Pollon (PL-MS) como postulante ao governo do Estado em Mato Grosso do Sul. Acontece que o PL, que recentemente abriu as portas para o ex-governador Reinaldo Azambuja para ser o candidato a governador pelo PL, nessa empreitada, o parlamentar – aquele que se autodeclarou autista para justificar motim do qual participou na Câmara Federal – terá que buscar outra sigla.

Bancada das bets

Discreta, mas influente, a chamada bancada das bets mostrou poder de articulação no Congresso. O grupo, que reúne de petistas a bolsonaristas — enterrou a CPI das Bets, proposta pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), e barrou o aumento de impostos sobre as casas de apostas. O movimento expôs o peso político do setor, que movimenta bilhões e já forma uma das frentes mais ativas de Brasília.

Nelsinho no tabuleiro

Entre os nomes apontados como integrantes da bancada, está o senador Nelsinho Trad (PSD-MS). Segundo o site UOL, ele teria apresentado uma emenda para reduzir tributos das apostas esportivas, contrariando o Ministério da Fazenda, que defendia elevar a alíquota de 12% para 18%. Nelsinho também sugeriu ampliar o prazo de licença das bets para cinco anos, medida vista como favorável ao mercado do jogo digital.

Bicos trincados

O PSDB de Mato Grosso do Sul segue indefinido quanto à nova presidência estadual, após o fim do mandato tampão do deputado Geraldo Resende, encerrado nesta quarta-feira (22). A sigla adiou para o final do mês a escolha do novo diretório, enquanto busca consenso interno após a saída do ex-governador Reinaldo Azambuja, que ainda exerce influência nas decisões do grupo.

Radar tucano

O deputado Pedro Caravina reuniu-se com vereadores de Campo Grande para discutir o futuro do PSDB e a sucessão partidária. Caravina se diz favorito para assumir a presidência, mas os deputados federais Geraldo Resende e Beto Pereira também estão em avaliação. O grupo pretende promover uma reunião ampliada, com vereadores e deputados que permaneceram na legenda, para definir o novo comando.

STF condena

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal condenou nesta terça-feira (21) os sete réus do núcleo da desinformação ligado à trama golpista de 2022. O grupo foi acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de difundir informações falsas sobre as urnas eletrônicas e atacar autoridades contrárias ao golpe de Estado. O placar foi de 4 a 1, com votos pela condenação dos ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Flávio Dino. O ministro Luiz Fux ficou vencido, ao defender a absolvição de todos os acusados.

Penas e crimes

Os réus foram condenados por crimes que incluem golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. As penas variam de 7 anos e 6 meses a 17 anos de prisão, em regimes semiaberto e fechado. O presidente do Instituto Voto Legal, Carlos Cesar Rocha, recebeu a menor pena, enquanto o major Ailton Barros, expulso do Exército, teve a mais alta. O policial federal Marcelo Bormevet também perdeu o cargo público por determinação do Supremo.

Multa e contexto político

A Corte fixou ainda indenização de R$ 30 milhões por danos materiais e morais coletivos, a ser paga solidariamente pelos réus. Com as decisões desta terça-feira, o STF soma 15 condenações relacionadas à trama golpista de 2022, incluindo a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A decisão reforça a linha dura do tribunal nos processos sobre desinformação e ataques às instituições democráticas.

PT quer manter

O Partido dos Trabalhadores em Mato Grosso do Sul articula a formação de uma chapa forte para preservar as duas vagas que ocupa hoje na Câmara Federal. A movimentação ocorre diante da possibilidade de o deputado Vander Loubet, após seis mandatos consecutivos, disputar o Senado em 2026.

Reforçando chapa

Entre os nomes cotados, estão os ex-deputados João Grandão e Antônio Carlos Biffi. Grandão continua filiado ao PT, enquanto Biffi, que já deixou a legenda, foi convidado a retornar com o objetivo de fortalecer a chapa proporcional. As conversas estão em curso e devem envolver lideranças estaduais e nacionais.

Trad e a dúvida

Recém-filiado ao PT, o ex-deputado Fábio Trad ainda avalia se tentará voltar à Câmara ou se aceitará o desafio de disputar o Governo do Estado, como desejam setores da legenda. Enquanto isso, o partido também corteja o empresário Carlos Bernardo, de Ponta Porã, para integrar a lista de pré-candidatos.

Um pai e o perdão

A cidade ainda se comove com a dor de Julio Salmazo, pai do jovem Henrique, de 17 anos, morto em um acidente no último sábado em Dourados. Em uma mensagem que emocionou as redes, Julio escreveu: A dor é imensa, mas a fé em Deus é maior (…). Em meio à dor, eu também escolho o perdão. Assim como Cristo nos ensinou, perdoo de coração o motorista do acidente”. Num gesto raro de grandeza espiritual, o pai transforma o luto em compaixão. Mas seu perdão não apaga o alerta: a imprudência no volante continua ceifando vidas que tinham todo o futuro pela frente.

Volante vira arma

O acidente, provocado por um motorista que fazia manobras em zigue-zague após beber, é mais um retrato da banalização da mistura entre álcool e direção. Dentro do carro, a polícia encontrou latas de cerveja, energético e uísque, símbolos trágicos de uma irresponsabilidade que se repete nas madrugadas brasileiras. A cada acidente assim, renova-se a pergunta que não cansa de ecoar: quantas famílias ainda precisarão enterrar seus filhos para que se compreenda que volante e álcool não combinam?

Lições de uma tragédia

Henrique se foi cedo demais, vítima não apenas de um impacto contra um muro, mas do impacto da imprudência humana. Seu nome agora se junta à dolorosa lista de jovens levados pela inconsequência. Talvez a mensagem do pai – o perdão em meio à dor – seja um convite à consciência. Porque perdoar é divino, mas evitar novas tragédias é dever de todos nós.

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BASTIDORES DO PODER

O “convite” de Tancredo

Quando se fala de política de verdade, daquelas que acontecem atrás das cortinas, nos bastidores, com cafés, sussurros e apostas, a figura de Tancredo de Almeida Neves se impõe como modelo. O homem que vinha de Minas Gerais, fez da arte de negociar quase uma liturgia, e encarava cada nomeação, cada promessa, como parte de um xadrez que começava bem antes da partida.

Pois bem: num desses episódios típicos que fazem parte da política tradicional, temos a história de um antigo correligionário, daqueles que andavam ao lado de Tancredo desde sempre, percorrendo municípios, falando com lideranças, vendendo simpatia e expectativas para o futuro. Ele se via no papel que sempre esperou: o de secretário estadual.

Ele espalhava por aqui, por ali: “Vou ser o secretário”. O governador-eleito, Tancredo, mantinha silêncio, e o correligionário ia ficando cada vez mais impaciente.

E então, veio o plano. Armou uma convocação da imprensa. Quando esta atendeu seu chamado, subiu ao gabinete: “Governador, a imprensa está aí fora, querendo saber se realmente eu serei indicado como seu secretário. O que eu respondo para eles?” Tancredo, elegante na forma e certeiro no conteúdo responde: “Diga para eles que eu te convidei e que você não aceitou.”

Um pai e o perdão, Vander e cotados, radar tucano, Trad x Malafaia e pontes, não muros

Foi o momento em que o jogo virou. O correligionário buscava o holofote, queria a nomeação como troféu, mas Tancredo deu o xeque-mate com classe. Sem escândalo público, sem demissão-estrondo, apenas a frase que rasgou todas as expectativas plantadas.

No fim, o governador saiu de cena, sem o anúncio que não queria fazer. E o correligionário, sem a pasta, ficou com a história.

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