A estudante de Direito Ana Paula Veloso Fernandes, de 36 anos, é apontada como uma serial killer após ser suspeita de pelo menos quatro homicídios ocorridos entre janeiro e maio de 2025. Segundo os investigadores de São Paulo e Rio de Janeiro, estados onde os crimes aconteceram, a frieza com que Ana Paula agia, é um dos elementos que mais chama atenção.
De acordo com a apuração conduzida pelo 1º Distrito Policial de Guarulhos, o último assassinato atribuído à universitária foi o do tunisiano Hayder Mhazres, de 21 anos, com quem ela mantinha um relacionamento. No dia 23 de maio, após saírem juntos para lanchar, o jovem passou mal e morreu no condomínio onde morava, no bairro do Brás, em São Paulo.
Ana Paula o acompanhou até o hospital e, posteriormente, foi à delegacia comunicar a morte, alegando que Hayder teria consumido drogas. Mas a versão foi negada pela família do rapaz.
A investigação aponta que a motivação do crime teria sido a recusa de Hayder em aceitar uma gravidez forjada por Ana Paula. Mensagens encontradas no celular da suspeita mostram que ela chegou a enviar uma ultrassonografia falsa à família da vítima, além de fazer ameaças escritas em árabe. Há indícios de que Ana Paula tentou convencer até a Embaixada da Tunísia de que era companheira do rapaz para participar do translado do corpo.
Ana Paula Veloso é suspeita de ser serial killer: outras vítimas
Hayder não foi a única vítima com quem Ana Paula tinha laços pessoais. Em janeiro, Marcelo Hari Fonseca, de 51 anos, foi encontrado morto em Guarulhos, após a própria Ana Paula ter ligado para a polícia relatando “cheiro estranho” vindo da residência que compartilhavam. Apesar da alegada preocupação, ela foi filmada sorrindo ao lado do corpo em decomposição e tentou dificultar o acesso da família de Marcelo à casa nos dias seguintes. Mais tarde, confessou o crime.
O segundo homicídio ocorreu em 11 de abril, quando Maria Aparecida Rodrigues, de 49 anos, foi encontrada morta pela irmã, em sua casa na Região Metropolitana de São Paulo. Na ocasião, Ana Paula apareceu no local sob o nome falso de “Carla”, afirmando que havia saído com Maria na noite anterior e que voltara para buscar roupas doadas. A farsa só foi desmascarada dias depois, durante o reconhecimento de suspeitos feito pela polícia.
No final de abril, a suspeita se deslocou ao Rio de Janeiro, onde teria envenenado Neil Corrêa da Silva, de 65 anos, com chumbinho misturado à comida. A filha da vítima, Michelle Paiva da Silva, também foi presa por envolvimento. Segundo a polícia, Neil era a única das quatro vítimas sem relação pessoal prévia com Ana Paula.
Perfil frio e manipulador
Conforme a Polícia Civil, o comportamento de Ana Paula após os crimes chamou atenção das autoridades. Ela costumava permanecer próxima dos locais, às vezes agindo como se fosse uma testemunha ou até vítima da situação. Para o delegado Halisson Ideiao Leite, que lidera o inquérito, a estudante apresenta traços típicos de psicopatia: “É uma pessoa fria, sem remorso, que parece sentir prazer em manipular. O fato de ela se manter por perto após os crimes demonstra o nível de controle que buscava exercer sobre tudo”, disse ele em entrevista ao jornal O Globo.
Crimes sob encomenda?
Outro ponto da investigação revelado recentemente, é a possível motivação financeira por trás dos assassinatos. De acordo com os investigadores, Ana Paula e sua irmã gêmea, Roberta Cristina Veloso Fernandes, também presa, teriam criado um esquema para oferecer “soluções letais” sob o codinome “TCC” (referência a “Trabalho de Conclusão de Curso”). A polícia apura se os crimes foram encomendados por terceiros e pagos, com valores que chegavam a R$ 4 mil por execução.
Com o avanço das investigações, a Polícia Civil trabalha para identificar se há outras vítimas ligadas à estudante. Ana Paula está presa preventivamente e responde por múltiplas acusações de homicídio qualificado, além de possível formação de quadrilha e falsidade ideológica.