O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, voltou a afirmar, em entrevista coletiva nesta quarta-feira, 8, que a corporação não descarta a participação do crime organizado na crise do metanol. A declaração reforça a posição do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que já havia indicado que a PF investiga se o produto químico abandonado por criminosos após a operação contra infiltração do crime organizado no setor de combustíveis tem sido usado para adulterar bebidas alcoólicas.
“A hipótese é levantada pelo fato de o porto de entrada do metanol ser na cidade de Paranaguá, e provavelmente envolver alguma organização criminosa. Não descartamos nenhuma hipótese nesse momento da investigação. É muito prematuro dizer se há organização criminosa ou não há inserida nesse contexto”, disse Rodrigues. “Então, com muita parcimônia e muita segurança vamos fazer a investigação para confirmar ou descartar a eventual presença de um crime organizado”, acrescentou.
A hipótese, no entanto, é negada pelo governo de São Paulo. A Polícia Civil paulista, que conduz suas próprias investigações, trabalha com outras linhas, como o uso acidental do metanol na higienização de garrafas ou a ação de falsificadores de bebidas de pequeno porte, sem vínculo com uma grande organização criminosa.
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Apesar do que afirma o governo estadual, o ministro Lewandowski já havia reforçado que o possível envolvimento de grupos estruturados continua sendo analisado. “Pode haver organizações especializadas apenas em fornecer metanol para adulteração de bebidas. Isso também é crime organizado”, afirmou em outra ocasião.
O Ministério da Justiça também já informou que 15 estabelecimentos foram notificados e outros 15 deverão ser chamados a prestar esclarecimentos sobre a procedência das bebidas comercializadas. O objetivo é rastrear as cadeias de fornecimento e reforçar a fiscalização .
O governo de São Paulo divulgou, em boletim desta terça-feira, a confirmação de 18 casos de intoxicação por metanol, resultando em três mortes. As vítimas fatais são dois homens da capital, de 54 e 46 anos, e uma mulher de 30 anos, de São Bernardo do Campo. Além dos casos confirmados, o estado investiga outros 158 suspeitos, que incluem seis óbitos.
Comitê sobre crise de bebidas contaminadas
Nesta terça-feira, 7, o Ministério da Justiça anunciou a criação de um comitê para discutir casos de intoxicação por metanol. A medida foi anunciada após reunião realizada pela pasta com representantes da Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe), da Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), do Fórum Nacional contra a Pirataria e Ilegalidade (FNCP) e da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF).
“O grupo terá como foco promover uma resposta rápida e articulada para conter os casos de intoxicação por metanol, fortalecer o setor produtivo afetado e integrar informações e boas práticas entre o poder público e a iniciativa privada”, afirmou o ministério.
O grupo vai funcionar “inicialmente, de forma informal”, por meio de reuniões online, disse o ministério.
O Ministério da Saúde afirmou ainda que comprou 2,5 mil unidades do antídoto fomepizol junto a uma empresa japonesa e que o lote deve chegar ao Brasil ainda nesta semana.
O comitê do Ministério da Justiça será coordenado pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), com o objetivo de “permitir trocas ágeis de informações, acelerar medidas para identificar e retirar do mercado produtos adulterados e restabelecer a confiança dos consumidores”.
(Informações Portal Terra)