As famílias dos quatro homens que estavam desaparecidos em Icaraíma, no noroeste do Paraná, divulgaram uma carta aberta pedindo Justiça sobre as mortes de Alencar Gonçalves de Souza, Rafael Marascalchi, Diego Afonso e Robishley Hirnani. Os dois homens apontados como autores de uma emboscada para eles seguem desaparecidos.
Na publicação, os familiares dos desaparecidos de Icaraíma falam da dor, do sofrimento e também sobre o sentimento de impunidade. O caso completou dois meses neste domingo (5) e os autores ainda não foram encontrados.
“Quatro homens foram mortos no Paraná de forma injusta, sem sequer terem o direito de defesa. Quatro vidas arrancadas de suas famílias, quatro histórias interrompidas sem escolha, sem chance, sem voz.
A dor que ficou é profunda e diária. Não é só a ausência é ver filhos que vão crescer sem o abraço do pai, ver mãe, esposas e irmãos carregando um vazio que nada preenche. Além da dor, enfrentamos mentiras, pedidos e julgamentos que só aumentam o sofrimento. Isso fere a família novamente.
Queremos que quem cometeu essa crueldade pague pelos seus erros – seja quem for. Não aceitamos omissão, nem impunidade. Justiça não é vingança: é responsabilizar quem tirou quatro vidas e devolver um mínimo de dignidade às famílias.
Eles eram pais, filhos, irmãos e amigos. Mereciam viver. Suas histórias merecem ser ouvidas. Suas famílias merecem respeito, verdade e justiça. Não podemos e não vamos nos calar. Nossa voz é por eles, por memória, por justiça, por humanidade”.
Relembre o caso dos desaparecidos em Icaraíma
Alencar, Diego, Rafael e Robishley desapareceram no dia 5 de agosto, em Icaraíma, no Noroeste do Paraná. Os quatro se encontraram para cobrar uma dívida e não deram mais notícias.
De acordo com as investigações, Alencar que é morador do município paranaense, comprou uma propriedade de Carlos Henrique Buscariollo. Ele teria dado uma entrada de R$ 255 mil e tentaria financiar o restante do valor. A negociação total poderia bater a casa de R$ 1 milhão.
Contudo, segundo o advogado de Buscariollo, o produtor rural não conseguiu aprovação do restante do valor e a venda não foi concluída. Com isso, o terreno teria voltado à posse de Carlos Henrique. A negociação teria sido intermediada por Paulo Ricardo e Antônio Buscariollo, que são considerados foragidos da Justiça.
Alencar de Souza então teria cobrado o valor dado de entrada aos Buscariollos, que alegaram que não tinham a quantia. Contudo, o valor seria pago em 10 parcelas de R$ 25 mil. O Grupo Ric teve acesso às notas promissórias, que estariam no nome de Carlos Eduardo Buscariollo, irmão de Paulo, e Carlos Henrique, filho de Antônio.
Com o atraso das parcelas, Alencar contratou, segundo os seus representantes, através de uma indicação de um amigo, os serviços de cobrança dos outros três desaparecidos de Icaraíma. Diego, Rafael e Robishley saíram do interior de São Paulo no dia 4 de agosto e foram até o pequeno município paranaense para realizar a cobrança.
Conforme o relato das famílias, eles tinham experiência e já trabalhavam com cobrança há alguns anos. Porém, no dia 5 de agosto, eles não retornaram as mensagens dos familiares e não deram mais notícias.
Segundo o delegado da Polícia Civil do Paraná, Gabriel Meneses, houve um encontro entre os Buscariollos e os quatro que estavam desaparecidos já no dia 4 de agosto. O advogado de Alencar afirma que os homens que eles encontraram foram Paulo e Antônio.
“Houve realmente um encontro com a família Buscariollo na segunda-feira. Eles ficaram de se encontrar no sítio dos Buscariolo para a tratativa final, no dia 5 de agosto. Na terça-feira, às 8 da manhã, Diego, Rafael e Robsley passaram na casa do Alencar e foram juntos encontrar o Antônio e Paulo Buscariollo”, revelou Éder Cordeiro de Azevedo.
Corpos foram encontrados
Os quatro que estavam desaparecidos em Icaraíma foram encontrados mortos na madrugada do dia 19 de setembro, enterrados em uma mata na região. Os corpos estavam empilhados, segundo as informações da Polícia Civil do Paraná.
Paulo Ricardo Buscariollo e Antônio Buscariollo estão foragidos desde agosto de 2025, quando a Polícia Civil do Paraná emitiu mandados de prisão por envolvimento no desaparecimento de Alencar Gonçalves dos Santos, Rafael Juliano Marascalchi, Diego Afonso e Robishley Hirnani.
O caso segue sendo investigado pelas forças de segurança do Paraná. As declarações de óbito de Rafael, Robishley e Diego apontam para as mesmas causas das mortes: traumatismo crânio encefálico, politraumatismo e disparo de arma de fogo. Ferimentos típicos em caso de tortura.

(Informações RIC Notícias)