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Canalhas em série, gás do povo, bunker oficializado, saúde política e insegurança na UPA

Juca Vinhedo –

A FRASE:

“Raramente, nós vivemos um momento tão difícil nesses 40 anos de democracia … Mas as instituições têm sabido ser resilientes e é fundamental o apoio da sociedade civil ao Supremo e a todas as instituições nacionais.”

(Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal)

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Anistia sob medida

Jair Bolsonaro (PL) já não esconde que sua prioridade é uma anistia penal que o livre da cadeia, deixando para depois a questão da inelegibilidade. O ex-presidente sabe que não tem força para tudo e tenta, ao menos, garantir a própria pele. O discurso de “perseguição” virou estratégia de sobrevivência.

Gordura para negociar

O projeto apresentado por Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) é amplo, chega a incluir anistia eleitoral e crimes desde 2019, mas nos bastidores os bolsonaristas já admitem que boa parte disso é “gordura” para ser queimada na negociação. O centrão, pragmático como sempre, resiste a um perdão tão generoso.

Saúde política

Em prisão domiciliar desde agosto, Bolsonaro aposta no discurso de fragilidade física para sensibilizar opinião pública e aliados. A preocupação maior é evitar a Papuda ou a carceragem da PF. Nos corredores de Brasília, a saúde do ex-presidente parece andar sempre no compasso da conveniência política.

Blindagem dividida

A bancada de Mato Grosso do Sul na Câmara mostrou divisão na votação da famigerada PEC da Blindagem, que pretende livrar a cara de parlamentares criminosos. Apenas dois tiveram coragem de dizer “não”: Geraldo Resende (PSDB) e Vander Loubet (PT). Ambos honraram a confiança popular e mostraram que ainda existe quem respeite a voz das ruas.

Devem explicações

Enquanto isso, Camila Jara (PT) e Dagoberto Nogueira (PSDB) simplesmente não apareceram para votar. Numa hora em que o Brasil inteiro pede seriedade e combate à corrupção, optar pela ausência pode soar como fuga de responsabilidade do que como coincidência de agenda.

A cara de sempre

Já Marcos Pollon (PL), Rodolfo Nogueira (PL), Luiz Ovando (PP) e Beto Pereira (PSDB) votaram a favor da blindagem. Repetiram o enredo que a sociedade brasileira conhece de cor: proteger privilégios e jogar a sujeira para baixo do tapete. O povo está cansado de ver políticos legislando em causa própria, e esse tipo de voto só aumenta a descrença nas instituições.

Bunker oficializado

Aprovada com apoio de Beto Pereira (PSDB), Dr. Ovando (PP), Marcos Pollon (PL) e Rodolfo Nogueira (PL), a PEC da Blindagem cria uma espécie de salvo-conduto parlamentar. Até assassinos poderiam escapar de investigações enquanto durar o mandato. O jornalista Josias de Souza resumiu bem: o Congresso virou “bunker do crime organizado”.

Contramão da história

Ao blindar parlamentares de investigações, a Câmara comete talvez o maior retrocesso já visto no combate à corrupção. Enquanto a sociedade clama por transparência e punição, parte dos deputados prefere erguer muralhas de impunidade. É como remar contra a maré da ética, afundando ainda mais a credibilidade política.

Aula gratuita

O prefeito de Naviraí, Rodrigo Sacuno (PL), levou um puxão de orelha do presidente do TJ-MS, desembargador Dorival Renato Pavan. O bolsonarista, que dias antes reclamava das dívidas do município, tentou elevar o próprio salário em 94%, passando de R$ 18 mil para R$ 35 mil. De lambuja, a vice Thelma Minari (União Brasil) também teria reajuste de 100%. Resultado: ganhou uma verdadeira aula sobre Lei de Responsabilidade Fiscal.

Matemática seletiva

É curioso como alguns gestores enxergam rombo nas contas públicas, mas encontram espaço para duplicar os próprios salários. Sacuno desistiu de um recurso e acabou barrado pela Justiça, que lembrou: lei é para ser cumprida, não interpretada ao sabor da conveniência. Naviraí tem muitas em dívidas, mas a prioridade, ao que parece, era turbinar o contracheque de seus gestores.

Curral ou dignidade?

O apresentador Tatá Marques, famoso por sortear facas e até limpeza de tênis em seu programa assistencialista, resolveu criticar o programa federal “Gás do Povo”, chamando-o de “curral eleitoral”. O detalhe é que o benefício vai garantir gás de cozinha para quase 160 mil famílias em Mato Grosso do Sul. Parece que, para alguns, dar dignidade é eleitoreiro; já sortear cesta básica em TV aberta é filantropia.

Resposta no ponto

O Superintendente regional do Patrimônio da União, advogado Tiago Botelho, não deixou barato. Usou as redes sociais para detonar Tatá, chamando-o de “politicamente desinformado, humanamente medíocre e profissionalmente sem ética”. Botelho ainda lembrou que 12,9 milhões de famílias no Brasil ainda cozinham à lenha ou etanol por não terem dinheiro para o gás. E cravou: Lula já tirou o país do Mapa da Fome duas vezes.

Hipocrisia exposta

Nas redes, internautas não perdoaram Tatá Marques. Muitos lembraram que o apresentador vive de sortear cestas básicas e até limpeza de tênis no seu programa, mas resolveu atacar um programa social que garante gás de cozinha a milhões. “Quando é pra dar ibope na TV, vale. Quando é política pública que muda a vida do povo, é curral eleitoral”, resumiu um comentário.

Reação em massa

A postagem de Tiago Botelho virou palco para críticas pesadas contra o apresentador. Chamado de “cavalo”, “canalha sensacionalista” e acusado de explorar a miséria humana, Tatá foi lembrado até por omissões históricas: internautas apontaram que no governo Bolsonaro o preço do gás empurrou milhares de famílias para o álcool, aumentando os casos de queimaduras domésticas. O tiro saiu pela culatra.

Reinaldo no PL

Valdemar da Costa Neto não deixou dúvidas: a filiação de Reinaldo Azambuja ao PL, neste domingo (21), sela o apoio à reeleição de Eduardo Riedel. O ex-governador não só chega, como já toma as rédeas da sigla em Mato Grosso do Sul. De quebra, ainda garantiu vaga na chapa ao Senado e o poder de decidir quem será o parceiro. Bolsonaristas que sonhavam com candidatura própria ao governo podem guardar a faixa de “esperança” no armário.

Esquecidos no rolê

João Henrique Catan (PL) e Marcos Pollon (PL) até se apresentaram como opções para o governo do Estado. Mas bastou Reinaldo dizer “sim” para a filiação e Jair Bolsonaro, mesmo em prisão domiciliar, fez questão de ignorar os dois. A realidade é dura: quando os caciques definem o jogo, os soldados de farda ideológica ficam de fora da foto oficial.

Canalhas em série

Marcos Pollon (PL-MS) voltou aos holofotes com um discurso inflamado contra a filiação de Reinaldo Azambuja ao PL. Chamou de “canalha” quem entregou o partido ao PSDB e disparou palavrões em sequência, garantindo que não recua nem que “o cargo se lasque”. O detalhe é que foi justamente Jair Bolsonaro quem selou a aliança com Reinaldo e Riedel. Ou seja: o rompante de Pollon é mais um grito no deserto do pragmatismo político.

Do trio ao motim

Pollon, que presidia o PL até ser trocado por Bolsonaro, agora tenta posar de rebelde. Reclamou até por não ter sido deixado subir no trio elétrico. O mesmo deputado que chamou colegas de “despóticos e cretinos” também já foi protagonista de um motim na Câmara, quando, para escapar de suspensão, alegou ser autista e que não entendia o que estava acontecendo. Pollon agora diz que quer ser candidato ao senado, mas vai encontrar, como concorrente, o ex-deputado estadual Capitão Contar, que publicizou o mesmo sonho, em entrevista na manhã desta quarta-feira (17)  na Rádio Massa FM de Campo Grande.

Chegada com veto

Reinaldo Azambuja entrou no PL pela porta da frente e já mostrando quem manda. O ex-tucano sinaliza que a candidatura ao Senado da vice-prefeita de Dourados, Gianni Nogueira (PL), queridinha de Jair Bolsonaro e da ala bolsonarista-raiz, pode ser rifada sem cerimônia. Em seu lugar, Reinaldo acena simpatia a nomes como Nelsinho Trad (PSD) e Gerson Claro (PP). A mensagem é clara: quem tem a caneta, define o jogo.

Aqui estão três notinhas, em tom jornalístico, sobre o episódio:

Confusão na madrugada

A madrugada desta terça-feira (16) foi marcada por cenas de violência em Dourados. O paciente Deyvid Almeida de Moraes, de 38 anos, destruiu a área verde da UPA durante atendimento, furtou uma cadeira de rodas e, em seguida, feriu uma ciclista de 47 anos que seguia para o trabalho. A mulher sofreu ferimentos no joelho após ser atingida pela cadeira de rodas e cair da bicicleta na BR-163, trecho de intenso movimento de caminhões.

Ação popular e prisão

Moradores que presenciaram a agressão imobilizaram o paciente até a chegada da Guarda Municipal, que o encaminhou à Depac. Ele foi autuado em flagrante por furto, lesão corporal e dano qualificado. A ciclista recebeu atendimento na própria UPA, enquanto a cadeira de rodas foi recuperada e devolvida à unidade de saúde. O suspeito apresentava escoriações pelo corpo, resultado da contenção feita pelos populares.

Repercussão nas redes

O episódio provocou ampla discussão entre os douradenses nas redes sociais. A principal crítica foi à falta de segurança nas unidades de saúde. Muitos lembraram recente fala da vereadora Isa Marcondes (Republicanos), que questionou a defesa da presença de guardas nas UPAs e postos, afirmando que o mais urgente seria ampliar o número de médicos e profissionais de saúde. A tragédia reacendeu o debate sobre proteção dos servidores e usuários.

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BASTIDORES DO PODER

Uma quarta-feira explosiva

Brasília já estava acostumada a escândalos, mas às 19h30 daquela quarta-feira, 17 de maio de 2017, o poder estremeceu de verdade. O site do O Globo disparou a notícia de Lauro Jardim: o presidente Michel Temer fora gravado anuindo com a compra do silêncio de um ex-deputado preso. Não era apenas mais um furo; era dinamite pura, espalhada em horário nobre.

O jornalista Lauro Jardim levou três semanas lapidando a bomba, cercado de ansiedade e do medo de que tudo vazasse antes da hora. O material vinha de um dos maiores empresários do país, enrolado até o pescoço na Lava Jato, e que resolveu abrir a caixa-preta. O jornalista sabia que tinha ouro nas mãos – mas também pólvora suficiente para incendiar a Praça dos Três Poderes.

Temer, mestre em sobreviver a crises e negociações de bastidores, viu-se engasgado pela própria voz registrada em fita. A gravação estrondosa mostrava que, na República do “tudo se ajeita”, até o silêncio de quem está preso tinha tabela de preço. Nos salões de Brasília, ninguém fingia surpresa, mas todos fingiam indignação.

O episódio virou rapidamente piada amarga entre parlamentares: “Se o presidente não cair com isso, não cai mais com nada”. A ironia é que, na capital das negociações eternas, foi justamente a tentativa de comprar silêncio que falou mais alto. E mostrou, uma vez mais, que em Brasília até o silêncio, quando bem gravado, faz barulho demais.

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