Nesta quinta-feira (11), é dia de rememorar o legado da Folha de Dourados publicado no livro ACED 80 Anos – Uma História de Sucesso, lançado em 29 de maio de 2025; leia a seguir…
No dia 8 de março de 1968, nascia a Folha de Dourados, um jornal que se tornaria um marco na história da imprensa sul-mato-grossense. Fundado pelo visionário jornalista Theodorico Luiz Viegas, o jornal iniciou sua trajetória em uma modesta tipografia e há 12 anos é um portal de notícias exclusivamente online.
O jornal nasceu em plena ditadura militar, no mesmo ano em que o regime autoritário ingressou em seu período mais sombrio, com a decretação do AI-5 (Ato Institucional) de 13 de dezembro de 1968, que deu ao presidente imposto o direito de promover ações arbitrárias, como “legitimar” a censura e a tortura como práticas de governo. Theodorico Viegas chegou a ser preso no exercício de suas funções.
Douradense nato, Theodorico Viegas nasceu em 1931, em uma chácara na Cabeceira Alegre, e faleceu em 2009, em Dourados.
Foi membro da Associação Brasileira de Imprensa, membro fundador do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso, do Clube de Imprensa de Dourados, da Associação de Diretores de Jornais do Interior de Mato Grosso do Sul, da Associação Brasileira de Jornais do Interior. Foi sócio fundador do Clube Social de Dourados, do Clube Indaiá, do Tênis Clube, do Ubiratan Esporte Clube e da Seleta Sociedade Caritativa de Dourados.
Theodorico foi diretor da Rádio Clube de Dourados e da Sucursal dos Diários Associados em Mato Grosso, correspondente do Diário de São Paulo, da Revista O Cruzeiro, das rádios Tupi de São Paulo e Difusora de Campo Grande, dos jornais Folha de S.Paulo e o Estado de São Paulo e trabalhou no jornais Gazeta do Sul, Correio do Estado, O Progresso e Jornal de Dourados.
Theodorico Viegas também fundou os jornais O Democrata, em Caarapó, e a Folha de Maracaju, foi assessor de Imprensa da Câmara Municipal de Dourados e da Prefeitura de Itaporã.
Ao longo de quase seis décadas, a Folha de Dourados consolidou-se como um dos principais veículos de comunicação do Estado, desempenhando papel crucial na cobertura dos acontecimentos locais e regionais. Sob a liderança do jornalista José Henrique Marques (que comprou a empresa em 2004 e assumiu a direção em 2007), o jornal adaptou-se aos novos tempos e às realidades do mercado.
Em 2013 migra definitivamente para versão digital, tornando-se um dos principais jornais online de Mato Grosso do Sul, alcançando milhares de visualizações diárias com seu conteúdo diversificado e focado no lema “Verdade, Trabalho e Vigilância”.
Todo acervo da Folha de Dourados (edições, fotografias e documentos administrativos) foi doado ao Centro de Documentação Regional da Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD.
A trajetória do jornal é um testemunho vivo da história de Dourados, registrando os momentos marcantes, os desafios e as conquistas da comunidade local. As páginas da Folhaabrigam vasto acervo de informações, fruto do trabalho incansável de jornalistas, repórteres e fotógrafos que dedicaram seu talento e profissionalismo à missão de informar.
Nesses 57 anos de existência, o jornal acompanhou de perto o desenvolvimento de Dourados, desde a sua consolidação como polo agrícola até a sua transformação em um centro urbano dinâmico e diversificado. O jornal noticiou os avanços na educação, na saúde, na infraestrutura e na economia, além de dar voz aos anseios e às reivindicações da população.
A Folha também se destacou pela cobertura de eventos importantes, como a chegada do asfalto na avenida principal da cidade, a Marcelino Pires, em 1970, a inauguração da praça central com seu chafariz colorido, os desfiles e bailes em comemoração ao aniversário da cidade, o movimento de pessoas que circulavam no centro, oriundas das colônias agrícolas, cidades em formação, distritos, vilas; o jornal registrou a presença dos presidentes da República em visitas a Dourados, Ernesto Geisel e João Batista Figueiredo, a criação de Mato Grosso do Sul em 1977 e a posse dos novos governadores do estado. Neste século a presença do presidente Lula para inaugurar a UFGD.
O jornal registrou todos os principais acontecimentos ocorridos em solo douradense, como os três títulos estaduais do Ubiratan Esporte Clube, a inauguração do Estádio Frédis Saldivar, o Douradão, e a ascensão de atletas da região em diversas modalidades esportivas.
Outro fato registrado foi a história da Miss Dourados, depois Miss MS e Miss Brasil, Michella Marchi, enfim a Folha acompanhou de perto os acontecimentos econômicos, políticos e sociais da região, informando e orientando seus leitores sobre os principais temas de interesse público.
Em dezembro de 2018, a Folha, circulou excepcionalmente em formato impresso para celebrar aos 50 anos de fundação, em edição especial, onde enfocou as trajetórias de jornalistas, publicitários, gráficos e empresas afins da cidade, com depoimentos preciosos sobre a história da imprensa de Dourados.
Um dos historiados foi o jornalista Antônio Viegas, primo de Theodorico e que trabalhou com ele na Folha de Dourados. No texto, lembrou da dificuldade para produzir um jornal impresso, quase de forma artesanal e, principalmente, a dificuldade para expor os fatos por conta da ditadura militar.
Antônio Viegas lembrou que a Folha de Dourados fez escola no jornalismo local e ofereceu emprego a diversos profissionais, tanto jornalistas quanto gráficos, entregadores, administrativos. O jornal foi o primeiro diário de Dourados.
Na mesma edição dos 50 anos, a filha Julia Kristina Viegas Tosin, que atualmente reside nos Estados Unidos, recordou que o pai dizia: “Pense para falar, mas se falou arque com as consequências”. Ela revela que o pai era “uma pessoa íntegra, em quem a ética e os bons costumes prevaleciam. Ele sempre foi muito sério no seu trabalho e muito brincalhão em suas horas de distração. Um colecionador de discos, flâmulas, selos e muitas histórias”.
O médico e deputado federal, Geraldo Resende trabalhou, em 1972, como gráfico no jornal e recordou na edição especial:
“Naquela época, vivíamos na ditadura militar, e houve um evento que marcou a todos nós, durante nossa passagem pela Folha. Foi a prisão do Theodorico por uma matéria na qual ele fazia uma crítica sobre a instalação de um presídio na cidade. Nesta matéria ele somente questionava: ‘Por que em vez de instalar um presídio, não implantam uma escola?’ Ele foi chamado a fazer um depoimento no

quartel do Exército em Ponta Porã e lá ficou preso e somente retornou com a cabeça raspada, mostrando os anos de chumbo que vivemos na época”.
A exemplo de seu fundador, o jornal mantém linha editorial independente e em defesa intransigente da democracia, agora com alcance potencializado e impulsionado pela evolução tecnológica, que provocou mudanças nos hábitos de consumo de informações.
Hoje, a Folha de Dourados disponibiliza seus conteúdos na internet, permitindo que os leitores acessem as notícias em tempo real, inclusive com aplicativos para dispositivos móveis, facilitando o acesso às notícias em qualquer lugar do planeta.
A transição para a era digital apresenta desafios e oportunidades para o jornal, que precisou adaptar-se às novas tecnologias e hábitos de consumo para permanecer relevante e sustentável num mercado extremamente competitivo.
As notícias e mensagens publicitárias do jornal são potencializadas com as redes sociais para compartilhar notícias, interagir com os leitores e promover seus conteúdos, com elementos multimídia, como vídeos, áudios e infográficos, para enriquecer a experiência do leitor.
A Folha de Dourados é um patrimônio da cidade, um símbolo da história e da identidade de Dourados. O jornal continua a cumprir o seu papel de informar, educar e entreter, com o compromisso de levar aos seus leitores notícias de qualidade e relevantes para a vida coletiva.
A marca Folha de Dourados dá nome a um dos mais importantes sites de Mato Grosso do Sul. Fez história respeitando a inteligência do leitor.