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‘O potencial da educação na RID se ela for melhor administrada’, por Victor Teixeira

Victor Teixeira (*) –

Seis escolas municipais e uma estadual estão localizadas na Reserva Indígena de Dourados (RID). Em meio a percalços operacionais e dilemas na organização curricular, os professores e demais mantenedores dos estabelecimentos disponibilizam às crianças e jovens conhecimentos necessários para que conquistem seus direitos sociais e econômicos.

Antes de serem estabelecidas definitivamente graças à atuação da Prefeitura de Dourados e da FUNAI (Fundação Nacional do Índio, hoje Fundação Nacional dos Povos Indígenas) as Escolas Municipais Indígenas Araporã, Agustinho e Francisco Meireles surgiram de iniciativas educacionais espontâneas dentro da Reserva entre as décadas de 1950 e 1970. O município estabeoeceu as EMIs Tengatuí-Marangatu, Lacu-í Roque Isnard e Ramão Martins entre 1992 e 2009. As autoridades estaduais consolidaram sua presença criando, em 2001, a Escola Estadual Indígena do Ensino Médio Intercultural Guateka-Marçal de Souza.

Naquele momento, o último colégio citado deixava de ser uma extensão para a população indígena de um estabelecimento estadual não indígena. Em sua atual sede, ele passou por obras de adequação sanitária e contra perigos como incêndio, além de receber nova mobília, tudo entregue em 2022. Dentre os espaços de ensino municipais, as EMIs Araporã e Agustinho, antes de ganhar suas próprias, sedes, funcionaram como extensões, respectivamente, da Tengatuí-Marangatu e de uma antiga instituição de ensino da FUNAI. 

Evoluindo e se transformando dessas formas, os colégios apresentam em comum em seus PPPs (Projetos Político-Pedagógicos) ou currículos atividades que levam os alunos a aprofundar seus conhecimentos com a inclusão de temas do cotidiano especificamente relacionáveis aos saberes. 

Do ponto de vista estrutural, busca-se pelos progressos em meio a uma precária disponibilidade de internet na Reserva. A configuração multiétnica da população local, marcada pelo convívio entre índios Guarani-Kaiowá, Guarani-Nandeva e Terena, gera, por sua vez, a divisão de salas de aula entre alunos e professores dessas etnias com sias respectivas línguas a serem ensinadas, aprendidas e utilizadas no processo de transmissão e captação do conteúdo das demais disciplinas. 

A jornada em prol da compreensão pelos estudantes da sua realidade e para que eles não deixem de expressar-se perante essas vivências em seus idiomas tem seu espaço temporal e curricular disputado com os saberes cuja abordagem é estipulada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O documento ainda não engloba as línguas de povos originários, por mais que representantes destes tentem se incluir nas discussões nacionais e locais para o aperfeiçoamento das diretrizes.

Em meio a essas dificuldades, as escolas foram capazes de fechar o ano passado sem uma reprovação srquer. A amenização dos problemas pode consolidar isso como inspiradora tendência.

(*) É acadêmico de Jornalismo e estagiário na Folha de Dourados

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