Ao longo desse período, foi submetido a tratamento para controle da infecção, além de reabilitação clínica e nutricional, com o objetivo de estabilizar seu quadro de saúde.
O transplante de fígado foi realizado na quinta-feira (7), seguido do retransplante renal na sexta-feira (8), procedimento que já estava planejado havia um ano.
As cirurgias ocorreram após a Central de Transplantes do Estado de São Paulo acionar o hospital e a equipe médica confirmar a compatibilidade dos órgãos — fígado e rim — doados por um mesmo doador.
Doador único e chances de compatibilidade
No caso de Faustão, os dois órgãos transplantados — fígado e rim — vieram de um mesmo doador.
A compatibilidade é determinada por uma série de exames, que avaliam fatores como o tipo sanguíneo, a compatibilidade genética e o estado de saúde do órgão doado. Quanto maior a compatibilidade, menores as chances de rejeição e melhores as perspectivas de sucesso no pós-operatório.
Como funciona o transplante de fígado e de rim
O transplante de rim é considerado a melhor alternativa para a maioria dos pacientes com doença renal crônica em estágio avançado. Os rins desempenham funções vitais, como filtrar resíduos metabólicos, regular o equilíbrio de líquidos e eletrólitos e manter a pressão arterial. Quando o órgão perde a capacidade de exercer essas funções, o transplante pode substituir a diálise e oferecer melhor qualidade de vida.
O transplante de fígado, por sua vez, é indicado para pacientes com doenças hepáticas graves, como cirrose avançada, câncer no fígado ou falência hepática aguda. O fígado, essencial para processos metabólicos e de detoxificação, pode ser transplantado de um doador falecido (órgão inteiro) ou de um doador vivo (segmento do órgão, capaz de regeneração).
Em ambos os casos, o preparo inclui avaliações médicas detalhadas, entrada na lista de espera (quando não há doador compatível imediato), testes de compatibilidade e, após a cirurgia, uso contínuo de medicamentos imunossupressores para evitar a rejeição do órgão.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/2/k/5JAxdEQOWSBT3lznm8Dg/faustao-em-hospital-em-foto-de-2023-enquanto-fazia-exames-para-acompanhar-o-funcionamento-do-coracao-que-recebeu-via-transplante.jpeg)
Quais são os riscos do pós-transplante
Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, o risco mais comum após transplantes é o de infecção — desde as que podem ocorrer em qualquer cirurgia, como pneumonia e infecção urinária, até as chamadas infecções oportunistas, que afetam especialmente pessoas com o sistema imunológico enfraquecido.
Para reduzir esses riscos, os pacientes recebem medicamentos antimicrobianos durante a recuperação. Na maioria dos casos, a probabilidade de infecção retorna ao nível normal — semelhante ao de antes do transplante — cerca de seis meses após a cirurgia.
Quanto tempo em média vive a pessoa transplantada?
A sobrevida do paciente tem sido cada vez maior devido aos novos medicamentos e às técnicas aprimoradas.
O valor médio aproximado de sobrevida, depois de um ano, é de 70% para o enxerto e para o paciente, segundo o Ministério da Saúde.
“O transplante não é cura, mas sim um tratamento que pode prolongar a vida com uma melhor qualidade”, diz a pasta em seu site.
“Muito embora a compatibilidade entre doador e receptor seja testada antes de um transplante, a prescrição de medicamentos imunossupressores é obrigatória e de forma permanente, com o objetivo de evitar a rejeição do órgão.”
“Em casos de rejeição, poderá ser oferecido um novo transplante ao paciente. As consultas periódicas de acompanhamento pós-transplante são obrigatórias.”
O que fazer para doar órgãos?
A legislação brasileira exige o consentimento da família para a retirada de órgãos e tecidos para transplante.
Por isso, o Ministério da Saúde recomenda que, se você quiser ser doador de órgãos, avisar aos familiares é o mais importante.
Isso porque, apesar de pela lei não ser possível garantir efetivamente a vontade do doador, na grande maioria dos casos, quando a família tem conhecimento do desejo de doar do parente falecido, esse desejo é respeitado, acrescenta a pasta.
Não é necessário deixar a vontade expressa em documentos ou cartórios, basta que a família atenda ao pedido e autorize a doação de órgãos e tecidos.
Mas o desejo do doador, expressamente registrado, também pode ser aceito, caso haja decisão judicial nesse sentido.
Um dos principais motivos para que um órgão não seja doado no Brasil é a negativa familiar.
Muitas famílias, mesmo diante da possibilidade de salvar outras vidas, optam por não autorizar a doação, seja por falta de informação, crenças pessoais ou dificuldades em lidar com a perda.
(Informações G1)