José Henrique Marques –
Com o calendário eleitoral se aproximando e as articulações políticas ganhando força, o cenário para a disputa ao governo de Mato Grosso do Sul em 2026 ainda é incerto no campo da esquerda. O Partido dos Trabalhadores (PT) trabalha nos bastidores para consolidar um nome competitivo, mas enfrenta um impasse estratégico envolvendo o ex-deputado federal Fábio Trad.
A direção estadual do PT tenta atrair Trad para disputar o governo com apoio da federação partidária, mas a situação familiar tem colocado obstáculos à negociação. O irmão do ex-deputado, o senador Nelsinho Trad (PSD), deverá disputar a reeleição em uma chapa adversária ao projeto petista. A possibilidade de um confronto direto entre irmãos nas urnas tem sido tratada com cautela por aliados de Fábio Trad, o que tem gerado atraso na tomada de decisão sobre sua filiação.
A possibilidade de um confronto direto entre irmãos nas urnas tem sido tratada com cautela por aliados de Fábio Trad
A demora tem levantado suspeitas entre lideranças do partido. Nos bastidores, comenta-se que a hesitação pode ser uma tática da família Trad para manter o PT em compasso de espera, inviabilizando o amadurecimento de outros nomes dentro da legenda. A indefinição já preocupa setores do partido que defendem urgência na construção de uma candidatura sólida, principalmente porque o partido tem como principal objetivo a eleição de Vander Loubet para o Senado.
Diante desse vácuo, outros nomes começam a ganhar força nas rodas de conversa da militância e nas articulações internas. Um deles é o de Humberto Amaducci, ex-prefeito de Mundo Novo e ex-candidato ao governo do estado pelo próprio PT. Com trajetória consolidada no partido, Amaducci carrega experiência política e conhecimento de gestão pública.
Com trajetória consolidada no partido, Amaducci carrega experiência política e conhecimento de gestão pública
Outro nome lembrado é o do superintendente do Patrimônio da União em MS, Tiago Botelho. Ele é professor universitário e advogado, e disputou o Senado em 2022 e a Prefeitura de Dourados em 2024. Com forte atuação em defesa dos direitos humanos e das pautas progressistas, Botelho representa a intelectualidade militante do partido e conta com apoio expressivo entre jovens e setores acadêmicos.
Botelho representa a intelectualidade militante do partido e conta com apoio expressivo entre jovens e setores acadêmicos
Entre as novidades, o nome do engenheiro civil, advogado e especialista em orçamento público, Sandro Omar, tem chamado atenção. Atualmente chefe de gabinete do deputado federal Vander Loubet (o acompanha desde o seu primeiro mandato), Sandro é um dirigente que ganhou projeção nas eleições internas do PT deste ano, tornando-se uma das lideranças da nova geração petista no estado. Sua formação técnica e perfil propositivo o tornam uma possível alternativa para o partido, principalmente em um cenário de embate com o governador Eduardo Riedel (PSDB), cuja gestão tem apostado fortemente em investimentos de infraestrutura e ajustes fiscais. Sandro Omar surge como um nome capaz de dialogar com a realidade orçamentária do estado e propor um projeto de desenvolvimento sustentável e inclusivo, em sintonia com a agenda nacional do presidente Lula.
Sandro Omar surge como um nome capaz de dialogar com a realidade orçamentária do estado e propor um projeto de desenvolvimento sustentável e inclusivo
A expectativa é de que o PT defina seu rumo até o início de 2026. Enquanto isso, as conversas continuam, e os nomes ganham ou perdem musculatura conforme as peças do xadrez político sul-mato-grossense se movem. A decisão de Fábio Trad será determinante não apenas para o seu futuro político, mas para o projeto eleitoral de toda a esquerda no estado.
