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Sérum para cílios de Virgínia é acusado de causar queimaduras oculares

Produto continua à venda no site oficial da marca;

Clientes da marca Wepink, da influenciadora Virginia Fonseca, alegam ter sofrido queimaduras nas córneas após o uso do sérum para cílios e sobrancelhas “Wedrop”. Em nota à imprensa, a cabeleireira Lidiane Herculano, de 45 anos, relatou seu caso e afirmou que não se trata de um episódio isolado.

O produto continua à venda no site oficial da marca e integra a linha de cosméticos da influenciadora. “Ele foi desenvolvido com exclusividade para fortalecer e nutrir as raízes dos fios”, diz a descrição do sérum.

Segundo o advogado Artur Roldão, que representa Lidiane, um médico diagnosticou lesões na superfície das córneas. A maquiadora teria utilizado o produto apenas uma vez, ocasião em que o problema ocorreu.

“Ela aplicou o produto à noite, esperou secar e foi dormir. Já nesse primeiro uso, ocorreu a queimadura, e então ela procurou um oftalmologista”, afirmou o defensor.

De acordo com o relato da cabeleireira, sua visão ficou embaçada, e a vista acinzentada. Ao chegar ao consultório e realizar os exames, a médica constatou que as córneas estavam queimadas — mais a esquerda do que a direita.

Além disso, durante a consulta, a consumidora mostrou o produto que havia usado.

“Ela analisou a composição, leu tudo o que estava escrito e disse: ‘Olha, os componentes deste produto não são muito indicados para a região dos olhos. Vou te receitar quatro colírios. Use direitinho e, se não houver melhora, volte na terça-feira’”, contou Lidiane.

Após um dia, a vítima relatou que houve uma piora na visão, o que a fez retornar ao hospital.

“Ela fez novos exames — inclusive com fotos — que mostram a queimadura, mais intensa no olho esquerdo do que no direito. E chegou a comparar o caso com um outro produto utilizado por algumas mulheres há algum tempo: uma cera capilar usada para fazer tranças. Quando chovia ou fazia sol, esse produto escorria e acabava causando queimaduras nos olhos”, disse.

Por fim, Lidiane afirmou que passou quatro dias intensos de dor durante o tratamento e, apenas no quinto dia, começou a conseguir abrir os olhos e enxergar.

A defesa de Lidiane se pronunciou em nota, em resposta ao posicionamento da marca publicado por uma coluna, no qual a empresa afirma que Lidiane teria se recusado a enviar o produto para perícia.

“No mesmo dia em que a nota foi enviada, a marca entrou em contato com a Senzi Advocacia, sendo atendida pelo Dr. Artur Roldão. A Sra. Lidiane não se recusou a enviar o produto à marca. Após a solicitação, ela prontamente encaminhou o contato do Dr. Artur para que as tratativas seguissem com ele. À época, solicitaram apenas o laudo médico e o número do lote do produto. Mesmo assim, a empresa enviou a nota à imprensa antes de obter qualquer resposta do advogado”, informou a defesa.

CNN tenta contato com a defesa da marca, mas ainda não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.

Reclamações do produto

Dentro do site de reclamações “Reclame aqui”, existem relatos de pessoas que passaram por situações parecidas desde o ano de 2023.

“Comprei o wedrop para fortalecer os cílios e sobrancelhas e quando passei nos cílios tive uma alergia séria. Estou com o olho todo inchado, vermelho e adquiri uma doença nos cílios”Agosto de 2023

“Há dois dias usei o We Drop, e isso ocasionou uma inflamação no meu olho direito. Fui a farmácia, comprei água boricada, colírio… e mesmo assim mal enxergo. Tentei contato por vários meios com a empresa e nada, se acontecer algo mais sério vou procurar meus direitos já que a empresa não dá nenhuma posição sobre o assunto”Maio de 2024

O que dizem os médicos?

Em entrevista à CNN, o Dr. Halim Féres Neto, membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e diretor da clínica Prisma Visão, explicou que, mesmo produtos aprovados pela Anvisa podem causar danos oculares.

“A Anvisa determina que produtos cosméticos precisam passar por testes dermatológicos para serem aprovados, mas não há obrigatoriedade de testes oftalmológicos. Ou seja, o produto pode ser seguro para uso na pele ao redor dos olhos, mas não necessariamente seguro caso seja aplicado — ou caia acidentalmente — nos olhos”, disse.

Ademais, o médico afirma que, embora pouco provável, podem ocorrer danos permanentes à visão. Segundo ele, o tempo de contato é o principal fator de complicação quando o produto atinge os olhos de forma acidental.

“O tempo de deslocamento e de espera, com o produto ainda causando queimadura, aumenta significativamente o tempo de recuperação e o risco de sequelas graves. Além disso, quanto mais extensa e profunda for a lesão, mais grave ela será e maior a chance de sequelas. Isso tudo pode levar à formação de cicatrizes corneanas que, se localizadas no centro da córnea, obstruem a visão; se periféricas, podem provocar astigmatismo irregular”, acrescenta.

Por fim, o médico exemplifica as possíveis consequências:

“Esses quadros podem causar redução definitiva da acuidade visual, fotofobia crônica e até necessidade de transplante de córnea em casos mais graves”, finaliza.

(Informações CNN Brasil)

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