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A Mirim Calçados: ’57 anos de tradição e estilo em Dourados’

COMUNICADO AOS LEITORES E ÀS LEITORAS – A partir desta quarta-feira (9) e até o final do ano, a Folha de Dourados publicará, em capítulos, o conteúdo do livro “ACED 80 Anos, uma História de Sucesso”, produção conjunta da entidade empresarial com a Tera Comunicação.

A obra, lançada em maio, nos formatos impresso e-book, atualiza a história da ACED e narra legados de 36 importantes empresas douradenses.

A Mirim Calçados: ’57 anos de tradição e estilo em Dourados’

Ao chegar num hotel em Dourados (ainda município do estado de Mato Grosso), na década de 60, Otávio nem imaginava que ali encontraria a sua companheira de vida. O hotel era de uma família procedente do interior de São Paulo. Assim como Otávio, que acabava de chegar de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Dourados recebia várias pessoas de outros estados que buscavam, na pequena cidade, uma oportunidade de crescimento.

Morando no hotel, Otávio conheceu Alice, filha de Emília Gnutzman, a proprietária do estabelecimento. Assim, uma relação de amizade transformou-se em uma união que duraria mais de 20 anos.

O casal encontrou o primeiro ponto comercial na Avenida Marcelino Pires, um corredor de 1,20m que Otávio contratou. Ali montaram uma lojinha onde vendiam as peças que ele fabricava. Ficava próxima ao Bar Douradense, que também tinha a função de “rodoviária”. Muitos clientes deixavam seus pertences guardados na loja de Otávio e Alice até a chegada do ônibus que os levaria de volta a seus lares.

Otávio era seleiro e fabricava arreios e acessórios para montaria numa pequena selaria que ficava nos fundos da Casa Rocha, onde o casal fazia consertos de calçados. Na época, havia muitos charreteiros em Dourados – o pai de Alice, Senhor José Gnutzman, era um
deles. Os charreteiros eram clientes fiéis da loja.

Otávio e Alice tiveram três filhos: Vânia, Lori e Leonir, o Tico.
Eles cresceram no ambiente do comércio. Por vezes, quando estavam doentes, se deitavam nos “pelegos” que tinham à venda na loja.

O casal, inicialmente, vendia botinas, por meio de uma espécie de consignado, de um comerciante de Fátima do Sul, o Senhor Belarmino. Depois, Otávio começou a fabricar suas próprias botinas, que tinham até apelidos, o “Sapatão” e o “Gostosão” – eram as mais vendidas por serem bem macias.

Com o passar dos anos, Otávio e Alice perceberam a necessidade de diversificar os calçados para atender uma clientela maior. Otávio trazia, no ônibus, uns poucos pares de calçados comprados de um depósito (Vartan) em Presidente Prudente/SP. Nas manhãs
de domingo, Alice colocava pares de calçados em uma charrete e levava para vender na Feira Central, onde ela tinha uma banca. Essa era uma maneira de aumentar a renda familiar. Como todo começo, não foi fácil, mas, com garra e determinação, trabalharam muito para fortalecer o seu pequeno comércio. Conseguiram aumentar o espaço físico da loja até chegar a duas portas, local onde hoje funciona a Ótica Brasinha. Nessa época, Tico, com 12 anos, já ajudava os pais no comércio. Vânia se casou e foi para Corumbá. Lori cursava Geografia no Centro Universitário de Dourados (CEUD/UFMS), cuidava da casa e se tornaria exímia cozinheira por causa do pai, que gostava de comer bem.

Em 1981, Otávio adoeceu, deixando a família muito preocupada. Lori então ficou na loja para que a mãe acompanhasse o marido durante o tratamento. Otávio faleceu.

Após o sepultamento, Alice chamou os filhos Lori e Tico para uma conversa séria e perguntou: “Meus filhos, o que vocês querem da vida?”. Os dois responderam que queriam seguir com a loja, mesmo estando passando por muitas dificuldades financeiras.
Tico, com 16 anos, assumiu responsabilidades importantes, e Lori começou a se inteirar do funcionamento da loja observando atentamente a mãe, que atendia os representantes das indústrias de calçados, fazia as compras para abastecer o estoque e era muito
gentil com os clientes.

Alice, Tico e Lori sonharam, trabalharam duro e economizaram muito para conseguirem comprar um lugar que fosse deles. A mãe sempre falava: “Só vou descansar quando sairmos do aluguel”. Tico encontrou esse lugar, e, como já tinham o dinheiro para
comprar, fecharam o negócio. Demoraram sete anos para construir e deixar a loja do jeito que queriam.

Em 1988, a loja ficou pronta. Tico carregou em seu carro, uma Pampa, toda a mudança da antiga loja. E foi no dia dois de maio, com muita emoção e gratidão, que a loja A Mirim Calçados foi inaugurada e passou a funcionar no endereço atual.

Da antiga lojinha veio o primo Paulo, que já trabalhava com eles. Contudo, como no novo local havia um espaço enorme em relação ao anterior, e um grande movimento de clientes, eles precisaram rapidamente de outros funcionários. Então, contrataram mais primos: Branca, Luciane, Álvaro, Ricardo, Renato e Mariúcia.

Aos sábados, após o expediente, Alice esperava por todos em sua casa, com um almoço bem gostoso, que se estendia até tarde. Esses momentos foram preciosos, alegres e fortaleceram os laços familiares.

Cada um seguiu seu rumo, mas os sobrinhos nunca se esqueceram dos ensinamentos e da bondade da “Tia Alice”, que, por muitas vezes, fez o papel de mãe. Levaram para as suas vidas o que aprenderam com a tia exemplar, que, com sua sabedoria, ensinava
a todos com carinho sobre as vendas, a responsabilidade, a dedicação, os princípios e os valores; e até as suas receitas compartilhava, escrevendo-as, muitas vezes, nas caixas de sapatos recortadas.

Naquela época, os primos sempre estavam presentes, participando das alegrias e tristezas, e, se acontecesse alguma discussão entre eles, tinha que ser resolvida ali mesmo, pois, além de serem colegas de trabalho, também, e principalmente, eram parte da mesma família.

Tico se formou em administração e gerencia até hoje a parte administrativa da loja. Lori se revelou uma excelente comerciante; com os ensinamentos aprendidos com a mãe, cuida da parte comercial, das compras e do contato direto com os clientes. Participa de feiras anuais para estar sempre atualizada em relação às tendências da moda. Vânia voltou para Dourados e também tem um comércio que fica ao lado da A Mirim Calçados. É uma loja de
roupas, a Petita Up.

O empresário ressalta a colaboração da esposa Silvia, Nuguli de Moura Campos, na história da empresa. “Durante 28 anos ela dedicou grande parte do seu tempo para ajudar em várias funções na loja, dividindo-se nos afazeres de dona de casa, mãe e colaboradora”, destaca Tico.

Assim, com 57 anos de história, a A Mirim Calçados se tornou uma referência em Dourados e região, não só pela qualidade dos produtos, mas também pela forma como conquistou a fidelidade dos seus clientes. A loja, além do público variado, consegue atender famílias de clientes que já estão na quarta geração e possuem estilos diferentes. Dessa forma o estabelecimento combina tradição

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e modernidade, agradando a todos os gostos.

Otávio é lembrado pelos filhos com muito orgulho, saudades e gratidão, como se ele ainda estivesse presente, pois várias decisões foram e são tomadas a partir dos seus ensinamentos. A querida Alice está com 88 anos e ainda vai para a loja com a filha.

Esse pequeno relato sobre a história da loja A Mirim Calçados, feito por Lori e Tico, com algumas contribuições dos primos, incluiu risadas, lágrimas, emoções, doces e também amargas lembranças.

Os dois irmãos, apesar das dificuldades enfrentadas, conseguiram, por meio do seu trabalho, se manter firmes e unidos para honrar o legado de Otávio Campos e de Alice Gnutzman, seus queridos pais.

A loja A Mirim Calçados está localizada na Rua Hayel Bon Faker, 2790, no centro de Dourados, Mato Grosso do Sul.

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