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Brígido Ibanhes: os 40 anos de solidão institucional e a injustiça

Poderia até ser parte do título do romance do renomado escritor colombiano Gabriel García Márquez (Cien Años de Soledad), no entanto, é o drama de vida real do escritor sul-mato-grossense Brígido Ibanhes. Ibanhes foi funcionário do Banco do Brasil, onde tomou posse em 1973 tendo logrado êxito em concurso público, e depois de Bela Vista (MS), onde tomou posse, trabalhou em Patrocínio (MG), Santa Cruz do Capibaribe (PE), Bataguassu (MS), Sidrolândia (MS), Santa Cruz do Capibaribe (PE) e Dourados (MS).

Foi em Sidrolândia, em 1985, que, no cargo de fiscal da Rural, Ibanhes se deparou com um grande esquema de desvio de verbas do seguro agrícola (Proagro) promovido pela administração do banco em favor de lideranças de produtores que loteavam suas lavouras, em prejuízo aos médios e pequenos produtores. Parte da verba desviada serviria para dar apoio a políticos que deram sustentação à ditadura militar e à fundação de novo partido político. Além disso, a camarilha de autoridades municipais tentou refinanciar pelo Fundec uma creche já construída na Vila São Bento, onde o escritor residia em uma casa da Cohab.

Ibanhes se deparou com um grande esquema de desvio de verbas do seguro agrícola (Proagro)

Em 1986, em auditoria do inspetor Hermenegildo Machado da Silva, entregou por escrito denúncia do esquema, pois assim prescreviam as normas da instituição. Ao cumprir sua obrigação funcional acabou atraindo situações de assédio moral, tentativa de suborno, oferta de promoção e vereança, e, por se negar, sofre humilhações, como quando foi colocado preso dentro do banheiro da gerência, perseguições e transferência, em 1988, para a distante agência de Santa Cruz do Capibaribe (PE), onde já trabalhara, sem nenhuma ajuda de custo, pelo contrário, punido com “Severa Censura”. Tudo devidamente arapongado pelo Serviço Nacional de Inteligência (SNI) que registrou a veracidade dos fatos criminosos, a luta do fiscal no exercício das suas funções e as intervenções criminosas da Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul para evitar a divulgação do caso pelo jornal Diário da Serra, colocando em risco a vida do escritor.

a luta do fiscal no exercício das suas funções e as intervenções criminosas da Assembléia Legislativa do Mato Grosso do Sul para evitar a divulgação do caso…

Como se não bastasse, em maio de 1986, lançou seu primeiro livro intitulado “SELVINO JACQUES, o último dos bandoleiros” sob ameaça de morte no lançamento, pois um grupo, formado por uma filha do famoso protagonista e seus protetores ruralistas, não permitiam a divulgação dessa história que relatava fatos políticos da década de 1930, em destaque a Revolução de 32, envolvendo o uso da pistolagem em benefício do latifúndio. O livro foi apreendido pela justiça em setembro daquele ano e liberado somente em 1992, graças à Constituição de 1988 que consagrava a liberdade de expressão. Pela luta em prol da literatura, o escritor foi adotado pelo Pen Club Internacional, no 58 Congresso Internacional de Escritores, no Rio de Janeiro (RJ). O Atlas Literário do IBGE de 2017 coloca a obra como referência do Oeste brasileiro e Pantanal embasado nos registros históricos, na cultura e tradições da época.

Pela luta em prol da literatura, o escritor foi adotado pelo Pen Club International, no 58 Congresso Internacional de Escritores, no Rio de Janeiro (RJ)

A agência, no Nordeste, foi assaltada por duas vezes pela mesma quadrilha do “novo cangaço”, e, através do seu depoimento, a segurança pública prendeu o chefe dos assaltantes em Brasília (DF), que era parente do prefeito de cidade vizinha; por conta da ameaça que o fato representava, solicitou transferência ao Presidente do Banco, e assim tomou posse no Cesec do Banco do Brasil de Dourados (MS).  Retornava, então, ao final de 1990, ao Estado onde sofrera perseguição por conta da sua atuação como fiscal da Rural e por conta do polêmico livro.

Em Dourados, em 1991, Ibanhes participou da fundação da Academia Douradense de Letras e fundou o Movimento de Moralização e Ética no Trato da Coisa Pública (METRA). O METRA mobilizou a sociedade local contra a corrupção, o que lhe valeu a contrariedade dos vários políticos da região, principalmente, prefeitos e governadores que foram levados aos tribunais para responder por ilegalidades, como foi o caso do prefeito que, nas comemorações do Tetra da Copa Mundial de Futebol, mandou dinamitar os alicerces do colégio “Marcelão”, em construção. No mesmo ano foi eleito suplente de delegado sindical do Sindicato dos Bancários da Grande Dourados, com mandato até maio de 1993 e estabilidade por mais um ano. Ao final de 1992 foi colocado em licença-saúde por conta da dificuldade em suportar a pressão das perseguições e humilhações que se acirraram com o seu retorno, e também por conta de irregularidades apontadas como representante sindical, como assédio moral de estagiárias para deporem a favor do banco na justiça do trabalho.

Em Dourados, em 1991, Ibanhes participou da fundação da Academia Douradense de Letras e fundou o Movimento de Moralização e Ética no Trato da Coisa Pública (METRA)

Determinado a demiti-lo, em início de maio de 1993, a superior administração do banco, em concordância com a chefia do Cesec, promoveu sua “alta” da licença-saúde com afirmações contraditórias feitas por um pediatra, e no dia seguinte, ao se apresentar ao serviço, foi colocado com o rosto contra a parede e dois colegas atrás da sua cadeira, sendo obrigado a responder a inquérito em que quase tudo que lhe era perguntado nada tinha a ver com sua relação  de trabalho com o banco, onde sempre teve boa avaliação funcional. A então chefe-adjunta afirmou à alta administração que Ibanhes não dispunha de estabilidade por representação sindical, ignorando documento emitido pela própria direção geral que alertava para esse fato. E, assim, em 04 de outubro de 1993, Ibanhes foi demitido, após 21 anos de serviços prestados, não constando na carta de demissão se fora por justa ou sem justa causa, e sem a devida justificativa que era obrigatória pelas normas legais para funcionário concursado. Mas, a perseguição não terminaria ali, pois teve que recorrer por longo período para receber verbas a que tinha direito, como por exemplo, o seu FGTS que fora devassado em mais da metade de correção e juros. Ao mesmo tempo, o sindicato pleiteou a anulação da demissão por ser concursado, e, não se manifestou, numa atitude estranha e omissa, sobre o período de estabilidade por representação sindical; assim, tornou-se coadjuvante na demissão arbitrária e ilegal que poderia ter sido revertida.

Ibanhes foi demitido, após 21 anos de serviços prestados, não constando na carta de demissão se fora por justa ou sem justa causa

Tentando sobreviver a si e a sua família investiu na divulgação e vendas dos seus livros, principalmente o polêmico livro sobre o bandoleiro Selvino Jacques, afilhado do presidente Getúlio Vargas; publicou outras obras, como “Che Ru, o pequeno brasiguaio”, “A Morada do Arco-Íris”, “Chão do Apa – contos e memórias da fronteira”, “O maior TESOURO das AMÉRICAS – em Volta Grande no canyon do Rio Uruguai”, “MARANGATU, dois mitos guarani” e outras. Como ativista cultura, Ibanhes foi eleito conselheiro municipal da cultura e membro do Fórum Estadual de Cultura, buscando sempre melhorias no segmento das artes.

Aos sábados pela manhã, na área central da cidade, colocava a “Banquinha do Livro, Leitura e Literatura”, em que conversava com as pessoas sobre a importância da leitura, principalmente aos pais para que dessem o exemplo aos filhos. No entanto, não perdia de vista, as injustiças de que fora vítima, e, sempre que possível, recorria ao judiciário, mas não lograva êxito apesar da enorme quantidade de provas documentais anexadas depois de obter sucesso em Cautelar de Exibição de Documentos contra o banco, que sempre se negou a lhe entregar cópia das informações que detinha sobre seu desempenho na instituição.

…não perdia de vista, as injustiças de que fora vítima, e, sempre que possível, recorria ao judiciário, mas não lograva êxito apesar da enorme quantidade de provas documentais anexadas

Em meados de maio de 2006, quando os ruralistas promoviam truculentas manifestações pelo Brasil contra o governo do presidente Lula, e, quando uma facção criminosa promovia também rebeliões nas penitenciárias pelo país afora e matava agentes da segurança, o escritor foi alvo de violento atentado a bomba incendiária por conta da publicação de artigo no jornal virtual Dourados News em que fazia referência ao desvio bilionário de recursos do seguro agrícola. O atentado destruiu metade da sua casa, sendo o fogo foi contido por membros de uma igreja ao lado. O escritor e sua esposa ficaram com ferimentos nas mãos e nos pés, e assim passaram por longa convalescença. Ele vinha sofrendo de cardiopatia há anos, e, devido ao atentado, a doença se agravou e teve que passar por cirurgia de grande porte. Por conta das ameaças que continuava sofrendo, o governo federal lhe garantiu atendimento em São Paulo, devido a mapeamento de risco, mas não lhe atendeu mais desde 2016, e, assim, a cirurgia foi realizada no Hospital Evangélico de Dourados (MS).

escritor foi alvo de violento atentado a bomba incendiária por conta da publicação de artigo no jornal virtual Dourados News

As várias ações impetradas contra as injustiças promovidas pelo banco e agora pelo atentado não tiveram êxito, e assim transitaram em julgado, até porque o seu depoimento contra a chamada “Máfia das Arrematações”, a convite do Diretor do Foro da comarca local, lhe valeu a ojeriza de magistrados e promotores que, de alguma forma, se beneficiaram do esquema. Assim, até ações que houvera ganho no mérito, eram extintas sem o devido resultado na execução. Nada mais poderia esperar da jurisdição doméstica. Quanto ao inquérito policial (IP 256/06) que apurava o atentado, em 2012, Ibanhes denunciou ao Conselho Nacional do Ministério Público a inércia promovida tanto pela Promotoria como pelo Delegado, e o Promotor, em represália, determinou seu arquivamento.

Ibanhes denunciou ao Conselho Nacional do Ministério Público a inércia promovida tanto pela Promotoria como pelo Delegado, e o Promotor, em represália, determinou seu arquivamento

Disposto a continuar na luta, Ibanhes encaminhou, em 2010, petição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (CIDH/OEA). Após dez anos de pendenga com o governo brasileiro, foi emitido, em 31 de dezembro de 2019, relatório (Relatório 228/19 da CIDH/OEA), em que a organização internacional garantia a admissibilidade de graves violações de direitos humanos. E, a partir dessa data, a CIDH orientou, tanto o escritor como o governo brasileiro, para a busca de um acordo amistoso. Apesar das inúmeras tentativas por parte do escritor, o governo não se manifestava sensível ao acordo, e, assim, o tempo foi passando. Todos os órgãos e instituições responsáveis pelas violações de direitos humanos foram contactados, e, por fim, a Defensoria Pública da União, co-peticionária do caso desde 2022, encaminhou ofício para o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, ao encargo da Ministra Macaé Evaristo, e ali aguarda há meses algum retorno para tratar do assunto. Como as denúncias envolviam agente públicos e políticos, o governo sempre se manteve surdo, mudo e cego, e o caso continua sem solução de continuidade, até o dia de hoje, quando se completam os 40 anos de solidão institucional.

Apesar das inúmeras tentativas por parte do escritor, o governo não se manifestava sensível ao acordo, e, assim, o tempo foi passando

Instituições e órgãos e agentes públicos contactados: OAB Nacional e Seccional/MS, CNJ, CNMP, PGR, CGU, MJSP, AGU, MDHC, SEJUSP, PF, MRE, MPT, MPF, MPE, PGE/MS, Banco do Brasil, CDHM da Câmara dos Deputados, CDHC do Senado, Presidência da República, Comissão de Anistia, Grupo Prerrogativas, deputados e senadores.

Para detalhes, acessar

https:// brigidoibanhes.blogspot.com/p/sobre-o-autor.html

www.brigidoibanhes.blogspot.com.br

Brígido Ibanhes: os 40 anos de solidão institucional e a injustiça
Brígido Ibanhes: os 40 anos de solidão institucional e a injustiça

CRONOLOGIA DOS FATOS

Janeiro de 1986 – Carta encaminhada a Auditoria com denúncia das irregularidades no Proagro.

30.05.86 – Lançamento do livro “SILVINO JACQUES, o último dos bandoleiros”, que relata a formação dos latifúndios no sul do antigo Mato Grosso através do uso da violência e terrorismo.

Setembro de 1986 – Busca e apreensão dos exemplares do livro.

26.10.87 – Avaliação de Desempenho Funcional (ADF) feito na agência de Sidrolândia (MS) e que demonstra que era um bom funcionário.

08.12.87 – Dispensa do cargo de fiscal, por iniciativa da gerência da agência, devido a denúncia de várias irregularidades praticadas com verbas do Proagro e do Fundec.

26.01.88 – Comunicado direto à Auditoria do Banco do Brasil das irregularidades.

19.04.88 – Expediente interno com circulação proibida pelas normas, pois aborda política partidária (criação do partido PSDB) e levanta suspeitas contra inspetores do Banco Central.

22.04.88 – Comunicado à Polícia Federal de mau uso e de desvio de verbas da União.

28.04.88 – Confirmação das irregularidades pela Associação de Bairro onde deveriam ser aplicadas as verbas conforme pedido da própria comunidade.

03.06.88 – Aplicação da penalidade de “Advertência”, na tentativa de cala-lo.

08.06.88 – Correspondência da gerência da agência de Sidrolândia (MS) ao deputado Saulo Queiroz para “examinar” proagros no Banco Central, numa demonstração clara de tráfico de influência.

13.07.88 – Matéria na “Folha de Londrina” sobre as irregularidades.

11.08.88 – Comunicado à CPI da Corrupção do Senado Federal das irregularidades e da violação de direitos humanos, pois o gerente o manteve preso por dois dias no banheiro, como punição por ter feito as denúncias.

14.09.88 – Interpelação escrita por auditor, no início da inspeção, na tentativa de abafar e amenizar as denúncias. Nos dias seguintes continuaram as interpelações, aos quais respondeu também por escrito.

20.09.88 – O gerente paga, por ordem do auditor, dinheiro que lhe devia há muito tempo.

02.12.88 – Comunicado à Polícia Federal da tentativa de suborno feito por Presidente da Câmara Municipal, na sala do auditor.

12.12.88 – Relatório médico feito no Ceasp de São Paulo (SP), onde se comprova que devido às pressões no trabalho começou a sofrer de stress e depressão.

03.04.89 – O primeiro requerimento de transferência, sob pressão, para Pernambuco, mas que foi negado porque pedia ajuda para a mudança.

04.04.89 – O segundo requerimento de transferência para Pernambuco, sob pressão de ser demitido sumariamente pelo Direc, caso não o fizesse. Sindicalista, foi testemunha da ameaça. O requerimento foi protocolado na agência do BB em Campo Grande (MS).

09.04.89 – Denúncia das perseguições e apelo ao Ministro da Justiça. Não teve resposta ao apelo.

27.04.89 – Aplicação da Penalidade de “Severa Censura” ao mesmo tempo que era transferido para Santa Cruz do Capibaribe (PE).

29.05.89 – Despesa da mudança paga pelo próprio bolso.

27.06.89 – Recurso encaminhado à Direção Geral em Brasília (DF).

13.09.89 – Requerimento de dias de trânsito, negado pela agência.

15.09.89 – Requerimento de dias de trânsito encaminhado à Direção Geral.

26.09.89 – Indeferimento do pedido datado de 15.09.89. É impressionante observar que todos os requerimentos eram indeferidos numa demonstração clara de perseguição.

19.10.89 – Indeferimento do recurso datado de 27.06.89.

20.03.90 – Recurso encaminhado à Presidência do Banco do Brasil.

01.06.90 – Ficha de Acompanhamento de Desempenho Funcional que demonstra que continuava sendo um bom funcionário.

15.06.90 – Indeferimento do recurso datado de 20.03.90

14.09.90 – Novo requerimento de cancelamento das penalidades, encaminhado pela agência, com parecer sobre a atuação funcional.

19.11.90 – Matéria publicada no jornal “Correio do Estado” comprovando, em Campo Grande (MS), as irregularidades no Proagro, cuja denúncia já havia feito em Sidrolândia (MS).

05.03.91 – Apelo ao Presidente da República Fernando Collor de Melo. Havia conseguido transferência para o Cesec de Dourados (MS) por ter identificado o chefe da quadrilha que havia assaltado a agência do BB/Santa Cruz do Capibaribe (PE) por duas vezes. Esse assaltante foi preso em Brasília (DF).

04.04.91 – Requerimento para tomar conhecimento do processo disciplinar e que não obteve nenhuma resposta.

15.05.91 – Denúncias das irregularidades e perseguições à “CPI do Banco do Brasil” através do Deputado Federal Leomar Quintanilha, no Congresso Nacional.

15.12.92 – Laudo médico-pericial de avaliação feita no CEASP de Campo Grande (MS), onde ficam claros os traumas sofridos pela perseguição política e que o mantém afastado do Banco.

04.01.93 – Apelo à presidência do Banco do Brasil para rever a situação e denúncia de horas-extras não remuneradas praticadas no Cesec e o aliciamento de estagiárias para deporem na Justiça do Trabalho a favor do Banco.

12.04.93 – Encaminhamento para efetuar avaliação médica no Ceasp de São Paulo (SP).

04.05.93 – Comunicado de alta da licença-saúde, dada por pediatra do Centro Médico do Cesec, sendo que eu fazia tratamento com um psiquiatra e uma psicóloga, tentando conviver com os traumas da injustiça e humilhação sofrida dentro do Banco. Até hoje continua tomando medicamentos e o tratamento só foi interrompido quando já não dispunha de dinheiro para pagar as sessões.

05.05.93 – Afastamento do serviço para responder inquérito administrativo no dia seguinte à alta. Fica claro a má-fé na condução do processo.

05.05.93 – Pedidos de esclarecimentos dentro do inquérito instaurado para apurar as denúncias que eu havia feito contra o Chefe do Cesec. No entanto, a maioria das perguntas não se referiam a essas denúncias (num universo de 33 perguntas, apenas 3 se referiam a esse assunto) mas levantavam questionamentos políticos meus pessoais, como a fundação do Metra – Movimento de Moralização e Ética no Trato da Coisa Pública.

07.05.93 – Pedido de esclarecimento sobre fato acontecido, que apesar de ter relação com o Banco do Brasil, não é da competência do Banco controlar, pois envolvia assunto tratado no Rotary Club, fora do horário de trabalho e fora das dependências do Banco. Demonstra claramente a conotação política em não dar conhecimento à sociedade de fatos irregulares na condução das verbas de programas federais.

14.05.93 – Resposta à interpelação feita, sem se registrar a pergunta na cópia a mim fornecida. Assim eu não tenho provas de que as perguntas são meramente políticas e não têm nada a ver com as denúncias de exploração dos funcionários.

14.05.93 – Requerimento das cópias das perguntas e respostas do inquérito.

21.05.93 – Fornecimento das cópias das respostas conforme a CIC Funci 7.2.4.g. Faltaram cópias das perguntas, conforme determina a CIC Funci 7.2.4.c.

00.00.00 – 33 respostas. Os temas são diversos, demonstrando mais uma vez que a questão era de comportamento político e não de relação de trabalho.

21.05.93 – Fim do inquérito e comunicado de que o fato de ter denunciado a Chefia do Cesec para a Direção Geral é passível de punição. A acusação se diz baseada na CIC Funci 7.1.1.d. As normas do BB obrigam o funcionário, que é conhecedor de irregularidades, a comunicá-las à Direção Geral, sob pena de ser considerado cúmplice, e foi o que eu fiz.

24.05.93 – Ratificação dos fatos para o DEASP, na Direção Geral em Brasília (DF).

06.06.93 – Declaração de ex-estagiária confirmando o aliciamento para de depor na Justiça do Trabalho. Foi uma das acusações feitas à Direção Geral contra a Chefia do Cesec.

02.08.93 – Requerimento feito à presidência do Banco do Brasil para rever a situação funcional e promover justiça quanto a perseguição que vinha sofrendo desde o trabalho como fiscal na agência de Sidrolândia (MS).

04.10.93 – Comunicado da demissão sumária, depois de 21 anos de serviços prestados, sem esclarecerem o motivo. A lei trabalhista diz que a demissão pode ser “sem justa causa”, mas não diz que pode ser sem causa nenhuma, isto é, mesmo não sendo por justa causa devia constar o motivo: negligência, redução do quadro etc. Além do que a demissão foi feita no período de estabilidade por representação sindical, que fincaria em 29.05.1994.

25.10.93 – Requerimento para pagamento de diferença nos cálculos de rescisão contratual e pagamento de diferença no cálculo dos 40% de multa sobre os depósitos no FGTS e requerimento da cópia da alta médica que não havia sido fornecido.

26.10.93 – Pagamento das diferenças no cálculo da indenização. Era evidente a má vontade, a perseguição e o clima de humilhação a que queriam sujeitar, mesmo no pagamento da indenização da rescisão contratual.

17.11.93 – Apelo do Pen Club Internacional ao Ministro da Justiça e ao Presidente do BB.

19.11.93 – Apelo para à presidência do Banco do Brasil.

02.12.93 – Novo requerimento pra revisão dos valores pagos a título do FGTS e da respectiva multa.

06.12.93 – Indeferimento do pedido feito em 02.08.93.

23.12.93 – Requerimento para entrega de avaliação médica feita no Ceasp de São Paulo (SP). Não responderam ao pedido.

28.12.93 – Atestado Médico comprovando que continuava em 28.12.93 o tratamento psiquiátrico iniciado em 30.06.92.

17.02.94 – Requerimento para que o Banco do Brasil faça revisão do valor pago a título de multa sobre o total depositado no FGTS, e também para regularização de erro na aplicação de índice de juros e correção monetária (73%) sobre os depósitos em 01.03.90. É evidente o desinteresse do Banco em efetuar os acertos, que foi efetuado somente em 10.05.94.

26.02.94 – Matéria do “Correio do Estado” com a manchete “PF investiga denúncias de desvio de recursos rurais”, que confirma as denúncias.

03.03.94 – Matéria no “Correio do Estado” com a manchete “Proagro tem rombo de US$ 500 milhões”.

18.03.94 – Encaminhamento do Banco do Brasil para a Caixa Econômica Federal dos cálculos para recomposição do saldo do FGTS. É interessante notar a expressão “demitido deste Banco no interesse do serviço”. Qual seria esse interesse se última avaliação funcional foi considerado “ótimo funcionário”?

21.03.94 – Indeferimento do recurso datado de 19.11.93.

21.05.94 – Requerimento para receber valor referente a multa pelo atraso das parcelas da rescisão contratual. Não foi dada a resposta ao pleito.

20.07.94 – Apelo ao Presidente da república, Itamar Franco.

14.10.94 – Indeferimento ao apelo de 20.07.94.

22.11.94 – Apelo ao Vice-Presidente, Marcos Maciel.

31.01.95 – Texto da ata da reunião do Comitê do Cesec, onde aparece claramente a referência a horas-extras frias, isto é, não remuneradas. Isso foi uma das denúncias feitas contra a Chefia do Cesec e que motivou a demissão.

16.02.95 – Comunicado do vice-Presidente, Marcos Maciel, ao deputado Augustinho Rufino do encaminhamento do pleito, datado de 22.11.94, ao Banco do Brasil. Não houve resposta.

10.11.95 – Recurso e apelo à diretoria do Banco do Brasil.

28.11.95 – Requerimento ao Coordenador do Comitê de Recursos do Banco do Brasil. Não houve retorno, apenas informaram por telefone que a demissão já fazia tanto tempo atrás e que infelizmente caducara o prazo para revisão.

Janeiro/96 – Matéria publicada em “O Espelho” e que trata de horas-extras não pagas pelo Banco do Brasil, comprovado mais uma vez a denúncia que havia feito.

06.05.97 – Perícia médica feita nesta data no INSS, onde consta no laudo que a partir de 04.11.92 eu não tinha condições psicológicas para trabalhar no recinto do Banco, portanto não poderia ter sido afastado do serviço e muito menos demitido. Psiquiatra, que o assiste desde junho/92 até hoje, também confirma a incapacidade, mas o Banco não se manifesta.

Janeiro/98 – Novamente matéria de “O Espelho”, sob a manchete “Guerra ao Trabalho Gratuito” e que trata de horas-extras não remuneradas.

Março/2004 – Depoimento sobre a “Máfia das Arrematações” para ajudar o Judiciário, e que lhe valeu dissabores em sentença de ação contra o Banco do Brasil, proferida por desembargador que se sentiu atingido no seu interesse.

14.05.2006 – 20:42 h, Dia das Mães, domingo, ATENTADO A BOMBA INCENDIÁRIA com graves consequências para a saúde do escritor e da esposa, e destruição de parte da moradia do casal. 

Em 2015, a Prefeitura, através da SEMED, promoveu “censura branca” contra o romance “MARTÍ, sem a luz do teu olhar”, que tratava da violência física e mental contra as mulheres e o descaso do poder público com as periferias.

Clique e leia o relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos

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