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O genocídio palestino na Faixa de Gaza e o esquecimento do holocausto judeu na Europa

Elecir Ribeiro Arce (*) –

Quando as tropas soviéticas chegaram a Polônia, no final de 1944, empurrando os exércitos nazistas para seu território de origem, o mundo conheceu as piores atrocidades que podem ser cometidas contra os seres humanos. Os soviéticos escancararam tudo o que os nazistas praticavam contra os judeus nos campos de concentração. O mundo ficou estarrecido com o que viu. Os prisioneiros eram submetidos as mais diversas experiências macabras como as temíveis câmaras de gases venenosos que levavam a morte. Alguns meses após a libertação dos prisioneiros dos campos de concentração os exércitos soviéticos tomaram Berlim e a Alemanha nazista colapsou com a derrota total para os Aliados.

A Alemanha nazista assassinou cerca de 6 milhões de judeus, no conhecido holocausto – o maior genocídio do século XX. Oitenta anos após a tragédia humanitária sofrida pelos judeus, o mundo está diante de mais um assassinato em massa, dessa vez praticada pelos judeus contra o povo palestino da Faixa de Gaza. Na época em que as vítimas foram os judeus, o mundo estava diante da Segunda Guerra Mundial e as informações eram controladas em sua quase totalidade pelos estados e governos envolvidos no conflito. Ouvia até se falar na existência de campos de concentração, mas a verdade era camuflada nos escaninhos controlados pelos governos e pela imprensa conivente.

As comunicações se desenvolveram muito nos 80 anos que nos separam da Segunda Guerra Mundial e hoje, apesar do esforço de governos e de veículos de comunicação tentarem, não há como esconder a verdade. E é por meio da mídia que ficamos sabendo da matança desenfreada que acontece diariamente contra a população indefesa da Faixa de Gaza. O governo de Israel alega que está no direito de se defender e que luta contra os terroristas do Hamas, mas o que o mundo está presenciando diariamente é o massacre contra civis, homens, mulheres e crianças indefesas sendo aniquiladas pelas forças militares israelenses.

Diariamente vemos corpos de palestinos enrolados em tecidos nos escombros de prédios e vias destruídas pelas bombas lançadas pelas forças militares de Israel. Lá nos campos de concentração nazista, os judeus eram mortos de fome e sufocados nas câmaras de gases venenosos. Na Faixa de Gaza, Israel mata os palestinos com bombas, projéteis e fome. Ao analisar imagens dos campos de concentração e ver pessoas esqueléticas em virtude da falta de alimentação, não há como não comparar com as imagens da Faixa de Gaza, onde Israel priva a população do básico para sobreviver – a comida. A multidão disputando uma porção de sopa, crianças e idosos esqueléticos de fome machuca o coração de qualquer pessoa de bom senso.

Não há na Faixa de Gaza uma guerra assimétrica, o que presenciamos é uma matança desenfreada, um genocídio contra civis indefesos. Impedir os países e organizações humanitárias levar e distribuir comida para o povo faminto é um crime sem precedentes e que deixam claras as intenções do governo israelense de Benjamin Netanyahu – eliminar a população de Gaza. O pior é saber que a matança desenfreada na Faixa de Gaza tem apoio velado de países, governos e organizações espalhadas pelo mundo.

O holocausto nos ensinou o quão prejudicial é um governo extremista e sanguinário para um país, seu povo e para a humanidade. Os judeus são a história viva das consequências nefastas do extremismo, mas os atuais governantes do país parecem não ter aprendido com o massacre que sofreram durante o famigerado governo nazista. Mais de 50 mil civis indefesos já morreram em Gaza e não percebemos no horizonte uma possibilidade de paz, afinal aquela guerra não interessa só a Israel.

(*) Professor aposentado da Rede Estadual de Ensino de MS. Especialista em História do Brasil pela UFMS.

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