Redação, com informações do Semana ON –
Estado já contabiliza 114 vítimas fatais em 2025; hospitais enfrentam colapso e custo dos acidentes expõe falhas estruturais nas políticas públicas de prevenção
Em pleno Maio Amarelo — mês internacional de conscientização para a segurança no trânsito — Mato Grosso do Sul alcançou um triste recorde: 30 mortes em acidentes apenas em maio, o maior número registrado para o período desde 2022. A escalada da violência nas ruas e estradas do Estado escancara não apenas o fracasso das políticas públicas de prevenção, mas também sobrecarrega o sistema de saúde, que enfrenta uma crise silenciosa para atender as vítimas.
Segundo a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), 114 pessoas morreram no trânsito sul-mato-grossense apenas em 2025, o segundo pior índice em seis anos. Os dados mostram que, apesar de veículos mais modernos e campanhas educativas recorrentes, o fator humano continua sendo o principal causador de tragédias. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) aponta que ultrapassagens perigosas, uso do celular ao volante, falta do cinto de segurança e consumo de álcool estão entre os principais motivos dos acidentes.
Entre os dias 1º e 25 de maio, a PRF registrou 97 acidentes e 14 mortes apenas nas rodovias federais do Estado.
Hospitais lotados e orçamento pressionado
Nos bastidores dos prontos-socorros, o impacto financeiro e humano dos acidentes de trânsito é alarmante. O Hospital Adventista do Pênfigo, em Campo Grande, gasta cerca de R$ 3 milhões por ano com traumas viários que exigem cirurgia, atendendo aproximadamente 160 pacientes por mês. O custo médio por procedimento é de R$ 1.520, bancado por contratos públicos.
A Santa Casa, principal hospital de referência do Estado, enfrenta uma situação ainda mais crítica, operando com um déficit mensal de R$ 13 milhões. A instituição já chegou a restringir a entrada de pacientes por falta de insumos cirúrgicos, especialmente nos fins de semana, feriados e datas festivas — quando os traumas de trânsito explodem.
Apesar da gravidade, não há um cálculo consolidado dos custos públicos com acidentes de trânsito em Mato Grosso do Sul. A Secretaria Estadual de Saúde admitiu não realizar esse tipo de levantamento.