O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) suspendeu o júri popular do policial militar Henrique Otavio Oliveira Velozo, preso por matar o campeão mundial de jiu-jítsu Leandro Lo com um tiro na cabeça durante discussão e briga numa balada em 2022.
O julgamento do réu pelo homicídio da vítima estava previsto para começar nesta quinta-feira (22). Uma nova data para o julgamento deverá ser definida futuramente pelo poder judiciário. A informação foi confirmada nesta manhã pelo g1.
O desembargador Marco Antônio Cogan, do TJ-SP, suspendeu na quarta-feira (21) o júri a pedido da defesa do tenente Henrique Velozo. Os advogados do acusado do assassinato alegaram na véspera do júri que o juiz do caso prejudicou o direito defesa ao cancelar os depoimentos de peritos particulares que tinham sido contratados por eles. O magistrado concordou com a solicitação e deu uma liminar de suspensão do julgamento.
O mérito do pedido da defesa do réu ainda será julgado em outro data pelo desembargador e outros dois magistrados do TJ-SP. Eles irão decidir se os peritos deverão ser ouvidos no julgamento. Até lá, o juiz do caso terá de esperar a decisão para poder marcar uma data para o novo júri.
Enquanto isso, Henrique Velozo continuará detido preventivamente no presídio militar Romão Gomes, na Zona Norte de São Paulo, à espera de um desfecho.
O júri popular, ou Tribunal do Júri, é previsto em casos de crimes dolosos contra a vida, ou seja, quando o indivíduo teve a intenção de matar a vítima. Nesse caso, ao final do julgamento, sete jurados — que são pessoas comuns e escolhidas por sorteio — decidem se o réu deve ser considerado culpado ou inocente pelo crime.
Além da Justiça comum, Henrique Velozo também responde a um processo administrativo na Justiça militar. A Corregedoria da Polícia Militar recomendou a expulsão do tenente por ter usado uma arma da corporação para atirar em Leandro Lo. Naquela ocasião o agente estava à paisana e não usava farda.
“O pedido de exoneração, que pode resultar na demissão a bem do serviço público do policial, foi encaminhado para julgamento do Tribunal de Justiça Militar (TJM)”, informa nota divulgada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).
O g1 tenta contato com a defesa de Henrique Velozo para comentar o assunto. Na quarta, o advogado do réu havia dito que esperava que o julgamento na Justiça comum absolvesse seu cliente, contribuindo para a manutenção dele na PM.
“A absolvição dele no julgamento no Tribunal do Júri vai dar a tranquilidade necessária para que a Justiça Militar tome a melhor decisão e o mantenha na corporação pela sua inocência”, havia dito o advogado Cláudio Dalledone.
Durante as investigações da Polícia Civil, testemunhas contaram que Henrique Velozo foi o autor do disparo fatal que atingiu Leandro Lo durante show de pagode do grupo Pixote no clube Sírio-Libanês, na Zona Sul em 7 de agosto de 2022. Ele tinha 33 anos.
Segundo o advogado da família, Ivan Siqueira Junior, o lutador teve uma discussão com o PM e, para acalmar a situação, o imobilizou. Após se afastar, Henrique Velozo sacou a arma e atirou na cabeça de Leandro Lo.
Um amigo do lutador que presenciou o crime disse que o autor do tiro estava sozinho e provocou Lo e cinco amigos, que estavam numa mesa.
“Ele chegou, pegou uma garrafa de bebida da nossa mesa. O Lo apenas o imobilizou para acalmar. Ele deu quatro ou cinco passos e atirou”, disse a testemunha, que pediu para não ser identificada.
O advogado contou que, após o tiro, o tenente ainda deu dois chutes em Leandro no chão e fugiu em seguida. O atleta foi socorrido e levado ao Hospital Municipal Arthur Saboya, no Jabaquara, também na Zona Sul, onde morreu.
Apesar de estar preso provisoriamente há mais de dois anos e oito meses, o tenente continua recebendo salário de policial, graças a uma decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF).
Trajetória
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Leandro Lo foi campeão mundial de jiu-jítsu por oito vezes. A última conquista, na categoria meio-pesado, foi em 2022, a primeira em 2012, na categoria peso-leve.
Nas redes sociais, ele narra os dois títulos como “as duas conquistas mais importante da carreira”.
(Informações G1)