A escritora Camila Panizzi Luz foi expulsa do Festival Literário Internacional de Poços de Caldas (Flipoços), após uma fala considerada racista em palestra com o escritor Wesley Barbosa, na última quarta-feira, 30.
Tudo começou quando Camila convidou para subir ao palco o escritor que lança o livro “Viela Ensanguentada”. Em meio à apresentação de Wesley, que escreve literatura marginal, Camila o interrompeu para perguntar: “Como que faz para ser neomarginal?” “Eu quero ser uma neomarginal gente, olha que tudo. Camila Luz, neomarginal, nunca fui presa”, completou ela.
Ao compartilhar o vídeo das falas de Camila nas redes sociais, Wesley escreveu: “Também nunca fui preso”.
Em entrevista ao Splash, Barbosa desabafou: “Senti que eu fui atacado, associado a um criminoso, quando, na verdade, a literatura marginal é um movimento literário que se iniciou nos anos 1970, com vários escritores. Me senti constrangido com as falas dela. Em todo momento, eu tentei não polemizar, não devolver com a mesma moeda, quis ir pelo lado da cultura, falar dos livros, da minha trajetória enquanto escritor. Ela soltou aquelas palavras que me deixaram indignado e que não atacaram somente a mim, mas a tantas outras pessoas pretas que são atacadas direta, indireta e tão escancaradamente. Sinto que ela tem a certeza da impunidade, por isso, falou o que falou”, declarou.
Após repercussão do caso, a Flipoços emitiu comunicado afirmando que repudia veementemente qualquer ato de racismo, discriminação ou preconceito, e anunciou que decidiu “romper vínculos entre a autora e a programação, retirar os seus livros da feira e cancelar todas as demais atividades em que a autora estaria vinculada nesta e em outras realizações do festival”.
Wesley ainda disse que Camila pediu desculpas a ele por meio de mensagem nas redes sociais, mas depois do episódio fechou o seu perfil pessoal e o de seu podcast, “Pane No Sistema”, no Instagram.
À EPTV, afilada da TV Globo em Minas Gerais e interior de São Paulo, a produção da escritora afirmou que surgiram acusações públicas contra Camila nos últimos dias, “alegando condutas racistas com base em recortes de mensagens privadas e fora de contexto”.
“Reconhecemos que houve uma fala infeliz, que pode ter sido mal interpretada e por isso, lamentamos profundamente se alguém se sentiu ofendido”.
Camila Panizzi Luz é filha da escritora Ivana Panizzi e do diplomata Francisco Carlos Soares Luz, atual embaixador do Brasil na Bolívia, segundo o Ministério das Relações Internacionais. Ela mora em Portugal, mas a família é de Poços de Caldas, onde é realizada a feira literária.
Este ano, ela foi citada pelo NYC Journal como uma das 30 mulheres mais inspiradoras para ficar de olho em 2025.
(Istoé)