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‘Elefantes brancos: As criaturas e seus criadores’, por Edmir Conceição

Edmir Conceição –

Desde que se incorporou ao jargão político a expressão idiomática “elefante branco” não se viu nenhuma ação para banir a pecha da atividade pública.

Pelo contrário, os elefantes brancos nunca se reproduziram com tanta fertilidade no campo político, área onde o que menos importa é a indignação com as obras monumentais sem utilidade ou funcionalidade.

Mas há, também, obras que poderiam contemplar as necessidades da população, espaços que poderiam transformar e formar pessoas, comunidades inteiras, como a Vila Olímpica Indígena de Dourados, abandonada pelos governos municipal, estadual e federal. Isso mesmo, ninguém assume a gestão e nem propõe uma atividade sequer para o lazer ou prática esportiva. E já são mais de 10 anos de abandono.

O lamentável é que não há uma cidade sem um elefante branco, que passou a servir de marco para seus ciclos administrativos. Campo Grande é um exemplo, com seu inacabado Centro de Belas Artes.

Como se sabe, na antiga civilização, usava-se a expressão elefante branco para determinar a posse de algo valioso da qual a comunidade ou seu proprietário não poderia se livrar e cujo custo, em especial o de manutenção, era desproporcional à sua utilidade ou valor.

Em nosso período contemporâneo o termo é utilizado para se referir a obras públicas sem utilidade ou simplesmente abandonadas, paradas por falta de dinheiro ou pela inércia e ruptura administrativa.

Há também a lenda segundo a qual reis presenteavam os cortesãos com elefantes brancos. Considerado sagrado, portanto protegido do trabalho, um elefante branco era simultaneamente uma bênção e uma maldição, porque o animal não tinha muito uso prático que compensasse o custo de sua manutenção.

Pelo Brasil afora há uma infinidade de elefantes brancos e o que mais chama a atenção é o prazer que os políticos têm de produzir obras faraônicas, muitas delas sem serventia, e deixá-las abandonadas. No Brasil a prática se tornou tão comum que os Estados Unidos considerou a compra de um submarino nuclear pelo governo brasileiro como “elefante branco, porem popular”.

Hospitais, viadutos que não levam a lugar algum, complexos esportivos sem uso, hidrelétricas e estádios da Copa de 2014 foram candidatos em potencial à denominação pejorativa.

Em Três Lagoas a administração está convivendo com um elefante branco dos mais caros, a fábrica de fertilizantes nitrogenados, há mais de uma década parada.

Obras só servem como promessa de eleição, que não justificarão nunca seus custos e, infelizmente, continuarão a ser propagadas como meritória realização.

Em rápida comparação, pode-se vislumbrar que as únicas obras com funcionalidade objetiva são as executadas pela iniciativa privada. Com toda propriedade, é logico. Ninguém é insano de jogar fora o dinheiro do próprio bolso.

Já no poder público, sem dono, o dinheiro sai pelo ralo, sem nenhum escrúpulo do gestor ou fiador político.

A sociedade precisa reagir. A reação deve ser no sentido de banir os políticos acometidos dessa síndrome e condenar, publicamente, os gestores que insistem em propagar obras que não terão utilidade e cuja manutenção extrapola os limites e a capacidade orçamentária.

(Fiz a foto [que ilustra essa matéria] quando a obra foi concluída. Hoje está totalmente deteriorada pela ação do tempo e falta de gestão, negada pelos governos local, estadual e federal)

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