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Como superar o conservadorismo na História brasileira

Dr. Reinaldo de Mattos Corrêa (*) 

O conservadorismo na História brasileira tem sido um obstáculo para o avanço social, político e cultural do País. Desde o período colonial até os dias atuais, o conservadorismo tem se manifestado de diversas formas, sempre em defesa dos interesses das elites dominantes e em detrimento dos direitos e das demandas dos setores populares.

O Brasil foi colonizado por Portugal sob um regime de exploração econômica, baseado na extração de riquezas naturais e na utilização de mão de obra escrava. A sociedade colonial era marcada pela desigualdade, pela violência e pela exclusão social. Os indígenas foram dizimados, escravizados ou aculturados pelos colonizadores. Os africanos foram trazidos à força para o Brasil e submetidos a condições desumanas de trabalho e de vida. Os mestiços, os pobres e os livres eram marginalizados e discriminados.

O conservadorismo se manifestava na defesa dos interesses da metrópole e da elite colonial, que se beneficiava do sistema escravista e do pacto colonial. A resistência dos grupos oprimidos era reprimida com violência e censura. As rebeliões nativistas, as revoltas escravas e os movimentos emancipacionistas foram sufocados pelas forças coloniais.

A independência do Brasil, em 1822, foi resultado de um processo conservador, que visava manter os privilégios da elite colonial e evitar as mudanças sociais que ocorriam na Europa e na América. O Brasil se tornou uma monarquia constitucional, mas manteve a escravidão, a estrutura agrária, a dependência econômica e a exclusão política. O conservadorismo se manifestava na defesa da ordem monárquica, da unidade nacional e da hierarquia social. As tentativas de reforma ou de ruptura foram combatidas pelos grupos conservadores, que se organizaram em partidos políticos, como o Partido Conservador e o Partido Liberal.

A República, proclamada em 1889, foi resultado de um golpe militar, apoiado pelos interesses da elite agrária e da burguesia urbana. A República manteve a estrutura social e econômica do Império, baseada na monocultura, no latifúndio e na exploração do trabalho. A sociedade republicana era marcada pela desigualdade, pela violência e pela exclusão social. Os negros, libertos após a abolição da escravatura em 1888, foram marginalizados e discriminados. Os imigrantes, que vieram para o Brasil em busca de oportunidades, foram explorados e segregados. Os trabalhadores, que se organizavam em sindicatos e partidos, foram reprimidos e perseguidos.

O conservadorismo se manifestava na defesa dos interesses da oligarquia cafeeira e da elite industrial, que controlavam o poder político e econômico do país. A resistência dos grupos oprimidos era reprimida com violência e censura. As revoltas populares, as greves operárias e os movimentos sociais foram sufocados pelas forças republicanas.

A ditadura militar, instaurada em 1964, foi resultado de um golpe de Estado, apoiado pelos interesses da elite econômica e dos setores conservadores da sociedade. A ditadura militar impôs um regime de exceção, baseado na repressão, na censura, na tortura e no terrorismo de Estado. A sociedade ditatorial era marcada pela desigualdade, pela violência e pela exclusão social. Os estudantes, os intelectuais, os artistas, os religiosos, os políticos e os militantes de esquerda foram perseguidos, presos, torturados e mortos. Os trabalhadores, os camponeses, os indígenas e os quilombolas foram explorados, desapropriados, expulsos e massacrados.

O conservadorismo se manifestava na defesa dos interesses do capital nacional e internacional, que se beneficiava do modelo econômico dependente e excludente. A resistência dos grupos oprimidos era reprimida com violência e censura. As manifestações populares, as guerrilhas rurais e urbanas e os movimentos de oposição foram combatidos pelas forças ditatoriais.

A redemocratização, iniciada em 1985, foi resultado de um processo de transição negociada, que visava garantir a estabilidade política e a continuidade econômica do país. A redemocratização trouxe avanços sociais, políticos e culturais para o Brasil, como a Constituição de 1988, as eleições diretas, a participação popular, a liberdade de expressão, a pluralidade de ideias, a valorização da diversidade e a defesa dos direitos humanos. A sociedade democrática é marcada pela igualdade, pela paz e pela inclusão social.

No entanto, o conservadorismo ainda persiste na História brasileira, manifestando-se de diversas formas, sempre em defesa dos interesses das elites dominantes e em detrimento dos direitos e das demandas dos setores populares. O conservadorismo se manifesta na defesa de valores morais, religiosos e familiares, que negam a diversidade e a pluralidade do povo brasileiro. O conservadorismo se manifesta na defesa de interesses econômicos, que privilegiam o lucro e o mercado em detrimento do bem-estar e da justiça social. O conservadorismo se manifesta na defesa de interesses políticos, que buscam manter o status quo e impedir as mudanças sociais.

O conservadorismo tem se oposto às reformas estruturais, como a reforma agrária, a reforma urbana, a reforma tributária, a reforma política e a reforma educacional, que poderiam democratizar o acesso à terra, à moradia, à renda, à participação e à educação. O conservadorismo tem se oposto às políticas públicas, como o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida, o Mais Médicos, o ProUni, o Fies, o Pronatec, o Ciência sem Fronteiras, o Sistema Único de Saúde, o Sistema Único de Assistência Social, o Sistema Nacional de Cultura, o Sistema Nacional de Educação, que visam garantir os direitos sociais e ampliar as oportunidades para os brasileiros. O conservadorismo tem se oposto aos movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, o Movimento dos Atingidos por Barragens, o Movimento dos Povos Indígenas, o Movimento dos Quilombolas, o Movimento Negro, o Movimento Feminista, o Movimento LGBTQIAP+, o Movimento Estudantil, o Movimento Sindical, o Movimento dos Direitos Humanos, que lutam pelos próprios direitos e pela sociedade mais justa e igualitária.

A superação do conservadorismo na História brasileira é um desafio e uma possibilidade para o presente e o futuro do país. É um desafio, porque o conservadorismo ainda tem força e influência na sociedade brasileira, e se utiliza de diversos meios e recursos para se manter e se reproduzir. É uma possibilidade, porque o povo brasileiro tem demonstrado capacidade e vontade de resistir e de transformar.

Para realizar essa possibilidade, é preciso que o povo brasileiro se conscientize, se organize e se mobilize. É preciso que o povo brasileiro se informe, se eduque e se emancipe. É preciso que o povo brasileiro se expresse, se comunique e se articule. É preciso que o povo brasileiro se reconheça, se valorize e se respeite. É preciso que o povo brasileiro se una, se fortaleça e se afirme.

Para superar o conservadorismo na História brasileira, é preciso fortalecer a democracia, a cidadania e a participação popular. É preciso defender os direitos humanos, a diversidade e a pluralidade. É preciso promover as reformas estruturais, as políticas públicas e os movimentos sociais. É preciso construir a memória coletiva e a identidade nacional que reconheça a História e a cultura do povo brasileiro.

Algumas ações específicas que podem contribuir para superar o conservadorismo na História brasileira incluem:

Fortalecer a educação pública e a educação popular: A educação é uma ferramenta fundamental para a conscientização e a emancipação do povo. É preciso garantir o acesso à educação de qualidade para todas as pessoas, independentemente de sua classe social, raça, gênero ou orientação sexual.

Promover a cultura e a diversidade: A cultura é uma expressão da identidade e da pluralidade do povo brasileiro. É preciso valorizar e preservar a cultura popular, bem como as diferentes culturas que compõem a sociedade brasileira.

Defender os direitos humanos: Os direitos humanos são fundamentais para a construção de uma sociedade justa e igualitária. É preciso garantir o respeito aos direitos humanos de todas as pessoas, independentemente de sua condição social, raça, gênero ou orientação sexual.

Promover a participação popular: A participação popular é essencial para a democracia e para a construção de uma sociedade mais justa. É preciso garantir que todas as pessoas tenham voz e vez na tomada de decisões que afetam suas vidas.

Mobilizar a sociedade: A superação do conservadorismo é uma tarefa que exige a ação de todos e todas. É preciso mobilizar a sociedade civil para que se organize e se mobilize em defesa de um Brasil mais democrático, mais igualitário e mais diverso.

A superação do conservadorismo na História brasileira é uma tarefa desafiadora, mas possível. É uma tarefa que exige coragem, criatividade e esperança. É uma tarefa que pode mudar a História do Brasil e do mundo.

(*) É Produtor Rural em Mato Grosso do Sul.

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