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‘Povos indígenas: a chave para valorizar a coisa pública no Brasil’, por Dr. Reinaldo de Mattos Corrêa

Dr. Reinaldo de Mattos Corrêa (*)

O Brasil tem a história marcada pela violência e injustiça. Desde a chegada dos colonizadores europeus, os povos indígenas que viviam no território foram despojados das terras, dos bens e da dignidade. Essa violação e expropriação da propriedade privada dos indígenas deixou a cicatriz profunda na formação da nação brasileira, que ainda hoje enfrenta problemas e desafios para se desenvolver de forma democrática, cidadã e sustentável.

A coisa pública, ou seja, o conjunto de patrimônio, serviços, direitos e deveres que são de todos os brasileiros e brasileiras, é frequentemente vista como algo que não nos pertence, que não nos interessa, que é corrupto e ineficiente, que não merece nosso respeito, cuidado e participação. Essa visão é resultado de um inconsciente coletivo, conceito criado pelo psiquiatra suíço Carl Jung, que se refere à parte mais profunda da mente humana, formada por informações herdadas e compartilhadas por toda a humanidade.

No caso do Brasil, ele carrega a memória de que a coisa pública surgiu do roubo, da violação e da expropriação da propriedade privada dos povos indígenas, que foram massacrados, escravizados, desrespeitados e marginalizados pelos colonizadores e descendentes. Essa memória gera um sentimento de culpa, de vergonha, de negação e de indiferença em relação à coisa pública, que impede que ela seja valorizada e apropriada pelos brasileiros como um bem comum, que deve ser preservado, melhorado e usufruído por todos.

Para superar essa situação, é preciso reconhecer, respeitar e valorizar os povos indígenas e as culturas deles, que são parte integrante e fundamental da identidade nacional. Porém, é preciso também garantir os direitos originários dos povos indígenas sobre as terras que tradicionalmente ocupam, bem como a autonomia, a diversidade e a participação deles na construção de políticas públicas que afetem as vidas e os interesses deles. É preciso ainda promover a educação, a informação e a conscientização sobre a história, a situação e as contribuições dos povos indígenas para o Brasil, combater o racismo, a discriminação, preconceito, a estigmatização e a violência que ainda sofrem.

Ao valorizar os povos indígenas, a sociedade brasileira vai valorizar a si mesma, reconhecer a própria origem, diversidade e riqueza. Além disso, ao valorizar a coisa pública, o povo brasileiro conseguirá valorizar a democracia, a cidadania e o desenvolvimento do País. Ao valorizar a coisa pública, o Brasil reconcilia-se com a história, o presente e o futuro.

(*) É Produtor Rural em Mato Grosso do Sul.

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