Mariana Rocha –
A Folha de Dourados segue trazendo entrevistas exclusivas para o público de Dourados e de toda a macrorregião. Nosso site é cada dia mais visitado e eu, jornalista neste veículo, tenho a honra de apresentar a conversa divertida e inspiradora que tive com Vinícius Araújo Leite.
Na última quarta-feira, 27 de setembro, nos estúdios da 94FM em Dourados, localizado no conhecido Prédio das Araras, fui recebida por Vinicius, ou como ele disse “Vini”.
Fenômeno de audiência e interatividade com o público no programa “Sextou”, Vini nos contou um pouco de sua formação, de sua paixão pela comunicação, de incentivar jovens no rádio, do sonho de fazer “Comédia em Pé” (Stand-Up Comedy) e de ser um aliado no desenvolvimento do futebol de base no Mato Grosso do Sul.

Folha de Dourados – É um prazer muito grande estar aqui na 94 FM para conhecer um pouco mais de você e de sua histórias. Então vamos lá! Vinicius, Como você gosta de ser chamado e onde você nasceu, nos conte um pouco sobre você?
Então, o povo me chama de “Vini”, algumas pessoas falam “Vini Araujo” e meu pai fala “Vini Leite”, mas só o “Vini’ ta ótimo. Sou nascido e criado em Dourados e gosto bastante daqui! Fiz faculdade no Rio Grande do Sul, então passei um tempo lá, inclusive tenho um tio que mora lá há anos. Sou apaixonado pelo RS. Depois da faculdade e em razão do falecimento de minha mãe, voltei para Dourados.
Você sempre quis trabalhar com comunicação, ou foi uma influência do seu pai?
Olha, não sei te dizer. Eu sempre fui uma pessoa de tirar sarro com tudo, de fazer muita piada mas, ao mesmo tempo, sou muito tímido. Eu tenho capacidade de pegar o microfone e apresentar a Expoagro, por exemplo, mas se eu for a uma loja e tiver muitos atendentes eu não consigo nem entrar. É curioso, porque eu pego o microfone para apresentar eventos, tocar em festas e tudo é muito natural pra mim, mas se eu for a um restaurante e só tiver eu, eu desisto de comer alí. As pessoas mais próximas de mim falam que é uma espécie de alter ego, como se fosse um outro “eu” que se destaca. Mas é claro que ver meu pai nos palcos, nos microfones e na política foi de grande influência pra mim e pra minha irmã também. Hoje em dia mesmo, eu comento que não achava que minha irmã viria para a rádio, mas não só está aqui trabalhando, como tem se saído muito bem. Acho que não tem como fugir desse ótimo destino.
Você fez faculdade de Publicidade e Propaganda, mas havia alguma ênfase na rádio? Até porque essa vertente, infelizmente, tem caído em desuso.
Meu Deus, isso me preocupa. Então, no meu caso é diferente, eu tive a sorte de fazer faculdade na PUC de Porto Alegre e lá no Rio Grande do Sul o rádio ainda é o maior veículo de comunicação. Hoje deve tá se perdendo pois o investimento tem sido destinado mais para internet. Eu, por exemplo, sempre fui apaixonado por um programa chamado “Pretinho Básico”, um programa de humor muito famoso da Atlântida. No Rio Grande do Sul todo mundo ouve rádio em todo lugar, dentro do circular, o rádio toca no metrô, no comércio e tem muitas oportunidades. Além do rádio eu sempre fui muito apaixonado por futebol e a Rádio Gaúcha é uma referência na comunicação esportiva. Daí, durante a faculdade eu consegui estagiar em pelo menos 6 rádios! Na faculdade, eu e meus amigos fizemos a Rádio PUC, que hoje ficou ainda maior, uma longa história, mas, em resumo, descobriram que eu era filho de radialista e já trabalhava com rádio, que eu sabia como funcionava. Daí me chamaram. Depois virou uma rádio integrada a outros cursos também. Não tem meu nome e de nenhum amigo na fundação, mas eu e a turma sempre falamos que nós que demos o pontapé inicial! (risos). Foi bom você falar disso porque me preocupa a atenção que as faculdades devem dar à Rádio. Dia desses uma querida amiga, Luciana Azambuja, professora na Unigran, me chamou pra dar uma palestra na semana da comunicação, algo assim, daí cheguei lá e encontrei um colega que dava aula de rádio mas que afirma não ouvir rádio. Me parece desmotivador, não é? Todo mundo ouve rádio, no Uber, na sua vó, no comércio. Daí falei muito sobre propagandas, sobre o Marçal Filho e aí bastaram algumas referências e eles sabiam que conheciam rádio. Eu acho que os jovens precisam retomar o rádio, meu programa é uma porta para isso, mas precisa de muita força ainda, a rádio é informação, propaganda, mais proximidade.
Vini, vamos falar de política. É inevitável, você é da linhagem de Marçal Filho, seu pai foi Vereador, Deputado Federal, Estadual e está em primeiro nas pesquisas para disputa da Prefeitura de Dourados. Enfim, você pretende ser candidato, é filiado a algum partido, tem vontade de ser candidato ?
Nada, não tenho vontade, mas não vou dizer que “nunca”. Eu já vi meu pai sofrer muito por política. Já estive em muitas reuniões, promessas que não aconteceram, já vi ele perdendo eleições. Não vou dizer “Nunca”, porque se ele, Marçal Filho, me pedir pra ser candidato eu saberia sim o que fazer, eu sei o que meu pai já fez e como fez e eu ouço as reclamações do povo. Amo falar de política, mas eu me colocar à disposição da política eu não sei. Se acontecer um dia eu seria um candidato bem “do contrário”, não sei.
Vini, qual assunto mais te afeta dentro das necessidades da política ? Eu sou pai de 2 filhos. Lorenzo e Luan. O que mais me dói é quando envolve criança, principalmente saúde da criança e educação. Meu pai sempre lutou pela Policlínica de Atendimento infantil em Dourados, inaugurada em 2017, mas sabemos que as coisas não vão bem. Muitas mães e pais sofrem em Dourados em busca de atendimento infantil específico. Aqui na rádio tentamos ajudar mas ainda é muito pouco. Precisamos olhar mais pro bem estar das crianças
Vamos mudar de assunto! Futebol. Vini, você é gremista e apaixonado por futebol! Hoje, o futebol no Mato Grosso do Sul tem incentivo, a coisa tá avançando?
Minha opinião verdadeira? Olha, tudo envolve muito dinheiro e estrutura e aqui as coisas ainda estão muito cruas. Em Dourados, hoje, o time que mais mobiliza a população é o Inter Flórida Futebol Clube, uma final deles, tem 3 mil pessoas prestigiando. Apesar de que Dourados já teve no Ubiratan, 7 de Setembro. Enfim, mas o futsal é bem forte aqui, mesmo. Ah! Tenho uma novidade hein! Tenho dois amigos muito importantes que são daqui e são dois expoentes do futebol nacional. O João Paulo, capitão e goleiro do Santos e o Ferreirinha, camisa 10 do Grêmio e os dois querem investir na base aqui. Começaram as obras da Arena Ferreira aqui em Dourados, uma iniciativa do Ferreirinha que vai trazer estrutura para o desenvolvimento do futebol e do esporte na cidade. Um equipamento de qualidade impacta diretamente na melhoria da técnica e desenvoltura dos jogadores.
Sobre o Sextou, com uma audiência significativa e uma comunicação descontraída, seu programa vem ganhando as graças do povo de Dourados e toda região e virou o entretenimento preferido das pessoas. Como nasceu o Sextou ?
Não sei nem como explicar. Eu sempre fui muito sarrista, então sempre gostei de imitar os outros, de fazer piada. Então, acho que o Sextou nasce de uma virtude minha de guardar muitas histórias e inventar muitas histórias (risos). Sempre tive muitos amigos inteligentes para o humor e isso me ajudou também a ter um pensamento mais rápido e engraçado. Eu sempre quis fazer programa de humor, mas meu pai sempre teve medo disso, pois hoje vivemos em um mundo onde muita gente não entende a brincadeira, um mundo com muita gente homofóbica e racista e dependendo do jeito que você fala algo pode ser mal interpretado. Então, meu pai disse assim: seu programa tem data de validade, toda sexta até quando tiver algum problema. Mas daí, caímos na graça das pessoas e parece que toda sexta, naquele horário, podemos falar de tudo e nos divertir. Não tem como nem roteirizar, pois eu dependo do que as pessoas querem falar, eu preciso da participação das pessoas. O pessoal sai do serviço, para na conveniência, vai buscar os filhos e dá uma risada pra iniciar o final de semana.
E com todo esse sucesso, quais são seus sonhos, Vini?
Olha, eu tenho dois sonhos, um deles é fazer stand-up. Eu já fiz duas vezes, a primeira há muito tempo e a segunda foi em um Cruzeiro e tem vídeo no Youtube. Inclusive, essa história é muito boa. Estávamos de férias com nossa família, em um cruzeiro e tinha um dia de concurso para apresentações, um clima muito divertido. Um monte de gente ia cantar, outros dançar, recitar poema e eu decidi que iria fazer um Stand Up de comédia, me preparei dois dias e quando me apresentei foi muito divertido, alegrei as pessoas, as vi interagindo comigo e acabei ganhando o tal concurso. E eu tenho sonho de fazer um show de stand up em Dourados, no Teatro Municipal, com o valor de entrada de R$1 real. Quem sabe um dia pode acontecer.
O outro sonho é participar do fomento do futebol em Dourados. Não sirvo pra ser técnico, nem jogo mais, mas eu quero colaborar com o ambiente esportivo e valorizar jogadores daqui.
Por último, candidatura de Marçal Filho a Prefeito, você acredita que ele possa ser candidato e você apoiaria?
Tenho dois sentimentos, sei que ele quer ser candidato e eu apoiaria muito ele, na forma como ele achar melhor. Sei que ele tem isso como um sonho em sua vida e que ele é muito responsável. Acredito que vai ser um bom gestor, sou suspeito, mas na política e no cotidiano ele é uma pessoa que prova muito bem sua capacidade. Agora, eu também tenho o sentimento de filho. Ser prefeito é virar vitrine, o político se desgasta demais. A decisão será dele.
