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Murilo não é audacioso e deixa cavalo passar encilhado

SENADO FEDERAL – 18/06/2010

            José Henrique Marques

 
            De acordo com o Dicionário Aurélio, “audácia” é um sujeito feminino que significa “impulso de ânimo que leva a cometer atos arrojados ou difíceis” ou “ousadia, coragem, valor”. Na opinião generalizada de quem faz e gosta de política, são essas características que faltam ao vice-governador Murilo Zauith para conquistar o maior feito político dele e de Dourados: uma vaga no Senado Federal, já que o município também nunca elegeu um governador de Estado.
            Entretanto, é de bom alvitre ressaltar que essa crítica, antes velada, e agora pública, não desqualifica absolutamente a figura do homem e do cidadão Murilo Zauith. Como empresário, pai de família e ser humano têm conduta exemplar e não há nada que o desabone nas décadas em que reside em Dourados. Mas, politicamente deixa muito há desejar.
            Esse imbróglio em que se meteu começou em meados de 2006 quando realmente o cavalo passou encilhado para que ele chegasse ao Senado. Atendendo um “apelo” do então candidato ao governo do Estado, André Puccinelli (PMDB), abriu mão da disputa em favor de Marisa Serrano (PSDB) que acabou sendo eleita. Como contrapartida, ele, Murilo, teria a preferência de Puccinelli em 2010.
            Indicativo de que o acordo nunca seria cumprindo foi o tratamento que Puccinelli dispensou a Murilo desde o primeiro dia de seu governo. Com poucos espaços dentro da máquina governista, o vice sumiu e era uma figura apagada no cenário político até que ficou evidente a “rasteira” que o governador aplicou nele. Diga-se de passagem, que fora avisado até por correligionário sobre a conduta de André. Não acreditou e dançou.
            Ainda segundo o “Aurélio” líder é aquele que “indivíduo que chefia, comanda e/ou orienta, em qualquer tipo de ação, empresa ou linha de idéias”. Dizem também que no estouro de uma boiada, o líder é touro que atropela a cerca e não aquele que se esquiva e deixa o coletivo em apuros, encurralado.
            Infelizmente, para a classe política de Dourados, Murilo Zauith não é o líder que todos esperavam dele. Foi ingênuo em acreditar em Puccinelli. Não foi habilidoso ao pelo menos abrir negociação com o pré-candidato do PT ao Governo do Estado, Zeca, que confiou ao ex-prefeito Zé Elias a missão de uma proposta salvadora ele e Dourados: ser candidato ao Senado coligado com o PT e tendo com suplente a professora Gilda dos Santos, a esposa de Zeca. Negociando se cacifaria junto a Puccinelli.
            Desdenhou da proposta de Zeca argumentando que a orientação do Diretório Nacional do DEM é de não se coligar com o PT. Ora, em política tudo é possível. A maior liderança atual da bancada ruralista no Congresso Nacional, a senador Kátia Abreu (DEM-TO), foi eleita numa coligação com o PT. Puccinelli contrariou a direção nacional do PMDB e irá apoiar José Serra (PSDB), mesmo que o presidente nacional de sua agremiação seja o candidato à vice-presidente de Dilma Rousseff (PT).
            Especialistas em marketing político garantem que Gilda dos Santos asseguraria o segundo voto dos petistas para Murilo, principalmente nas regiões da Grande Dourados e Sul do Estado. Não é à-toa que o deputado Dagoberto Nogueira, candidato do PDT ao Senado na chapa de Zeca, é hoje o segundo colocados nas pesquisas. Posto que poderia ser de Murilo.
            Nessa altura do campeonato, depois de todo o desgaste que sofreu (com apoio público ao deputado federal Waldemir Moka, do PMDB, oferta de emprego, como se precisasse e outros deslizes) a candidatura de Murilo é suicídio político. A grande maioria dos prefeitos e candidatos a deputado estadual e federal já está comprometida com a reeleição de Delcídio do Amaral (PT), com Moka ou Dagoberto Nogueira. É tarde demais para Murilo amarrar sua campanha. Ao contrário do touro, o cavalo encilhado pulou a cerca e rumou a Brasília levando alguém que, com certeza, não é de Dourados.
 

Fonte: Folha de Dourados

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