Brasil – 19/08/2010
A mamãe bateu no neném. O neném chorou”. As frases, ditas por um menino de 3 anos, traduzem o horror que cercou a morte do pequeno. de 2 anos, que teria sido assassinado pela própria mãe, de 25, que seria usuária de cocaína.
Testemunhas contam que a garoto tentou, sem sucesso, acordar o irmão mais novo, já morto.
Trancados em casa, os dois foram encontrados pelo pai, quarta-feira, na comunidade Vila Triagem, localizada embaixo da estação do metrô de Triagem, na Zona Norte. A polícia investiga a causa da morte do menino. Os pais fugiram.
A morte do garoto deixou os vizinhos chocados. Moradora da favela há 20 anos, Lourdes dos Santos, 58, emocionou-se ao relatar a morte do menino e a triste rotina dos irmãos.
Uma semana fora
“Esses meninos viviam em cárcere privado. Ela (a mãe) quase não saía de casa. Às vezes, sumia.
Nós, os vizinhos, muitas vezes demos lanche para eles, mas, sinceramente, nunca vi essa mãe encostar a mão para bater nos filhos.
Uma vez, ela ficou uma semana fora, e o pai das crianças pagou uma senhora que mora aqui para cuidar das crianças”, contou a moradora.
Chorando, L desabafou: “Me sinto muito culpada. Uma sensação de que poderia ter denunciado.
Cheguei a falar com a Associação de Moradores, mas tive medo de sofrer represálias, sabe como é, né? Agora, isso aconteceu”.
A criança sobrevivente foi entregue ao Conselho Tutelar e encaminhada a um abrigo.
O corpo do irmão permanece no Instituto Médico-Legal (IML) à espera de reconhecimento de algum parente.
No entanto, até a noite de quarta-feira, ninguém havia aparecido no local. Caso ninguém compareça, o corpo do menino poderá ser sepultado como indigente.
Policiais também choram
Integrante da Associação de Moradores da Vila Triagem, Meire Lúcia Mendes de Oliveira, 60 anos, descreveu o horror de ter visto a criança morta quando a casa foi aberta.
“A criança estava na cama, com os bracinhos abertos. O outro neném estava lá. Até os policiais choravam”.
Meire contou ainda que o casal foi morar na comunidade após contato com evangélicos que fazem trabalhos sociais na favela.
“Acredito que ela fosse moradora de rua. Estava com os cabelos em estado deplorável e suja.
Na igreja deram banho, roupas e cortaram seu cabelo. O marido se converteu, frequentava o culto e trabalhava vendendo frutas e frangos em uma padaria. Ela nunca mais voltou à igreja”.
Revoltados, moradores protestaram na quarta-feira pedindo a prisão da mãe do menino. Alguns, mais radicais, chegaram a fazer ameaças; outros choravam e diziam não sentir ódio, e sim pena.
Laudo indicará se houve homicídio
A investigação da morte está a cargo da Divisão de Homicídios (DH), que aguarda o laudo preliminar do Instituto Médico-Legal.
“Preservamos o local e fizemos perícia, mas precisamos saber se realmente foi um homicídio. O laudo apontará se houve crime, ou se a criança estava doente.
Neste caso, a investigação passaria para uma delegacia da região”, explicou Felipe Ettore, titular da DH.
Há a suspeita de que uma tesoura tenha sido usada, mas não a ponto de provocar a morte da criança. Policiais confirmaram que havia ferimentos no bebê, mas não afirmaram o que os provocou.
Uma tesoura sem marcas de sangue foi encontrada no local. A polícia faz buscas para encontrar os pais do menino
Fonte: G1