Economia – 24/09/2010
Em busca de escapar das estatísticas de mortalidade empresarial – que em Mato Grosso do Sul atinge cerca de 22% dos empreendimentos com menos de dois anos – micro e pequenas empresas estão procurando soluções para se resguardar e ter uma maior segurança no mercado. Uma delas é a residência em incubadoras. Emerson Corazza, coordenador da Rede Sul-mato-grossense de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Redems), responsável pelas incubadoras no estado relata: “Nosso trabalho é oferecer infraestrutura física e logística para as empresas incubadas, preparando-as para serem competitivas no mercado”. Entre as ações realizadas, estão palestras e cursos de capacitação artística, gestão, elaboração de plano de negócios e acesso a canais de financiamento para os empreendimentos. Em especial as novas empresas que trabalham com tecnologia e inovação podem tentar buscar os recursos do chamado capital semente; isto é, voltado para empresas ainda em seu estágio inicial. É o que conta o gestor de risco do Fundo Criatec, José Arnaldo Deutscher, que palestrou essa semana em Campo Grande durante o Seminário Anprotec. “A primeira empresa que a gente investiu era a Rizoflora, incubada pela Universidade Federal de Viçosa”, relata Deutscher. “Sabe qual era o faturamento dela? Zero. Ainda assim, a gente investiu R$ 1,5 milhão”. O Criatec é o maior fundo de capital semente do Brasil, com R$ 100 milhões disponibilizados por dois cotistas: BNDES e BND. Segundo Emerson Corazza nenhuma empresa local ainda teve acesso ao fundo. No entanto essa não é a única alternativa disponível. “Existem editais do CNPq, da Finep… Sempre tem opções indicadas para cada perfil, e cabe à incubadora saber qual indicar”. [O correto é BNDES e BNB (Banco do Nordeste)] Cristiane Gomes Nunes, técnica da Unidade de Acesso à Mercado, Inovação e Tecnologia do Sebrae relata que, muitas vezes, sem a devida orientação, o microempresário pode achar que inovação nada tem a ver com a sua atividade. “Inovar não está necessariamente ligado à tecnologia, quando na verdade pode ser uma questão de modificar a embalagem, aumentar um prazo de validade, adequar um produto a normas técnicas ou legislações. Isso tudo cria um diferencial competitivo”. No dia 30 de setembro, o Sebrae lança para Mato Grosso do Sul o Programa de Apoio à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (Pappe Integração). A proposta do edital é oferecer às pequenas empresas, sejam incubadas ou não, acesso a fontes de recursos não-reembolsáveis para a implantação de projetos e consultorias de inovação. Os valores chegam a até R$ 300 mil, disponibilizados pela Finep, por meio de parceria com a Fundect. Uma empresa que planeja enviar seu projeto para o Pappe e já tem experiência no aporte de recursos de outro edital da Finep é a WAT Consultoria Ltda Me, residente da Pantanal Incubadora, da UFMS. No ano passado, ela foi uma das quatro empresas da Universidade a ser aprovada para os recursos do Programa Primeira Empresa Inovadora (Prime). O gestor de negócios da empresa, Michael Jullier, conta que na época eles ainda estavam no processo de pesquisa e elaboração de um módulo de fonte chaveada. “A empresa foi criada só para o edital, mas tivemos que apresentar um plano de negócios detalhado para concorrer aos R$ 120 mil do fundo”. O dinheiro serve para que empreendimento recém-criado invista em pessoal, consultoria especializada, serviços jurídicos e financeiros. Não há necessidade de restituição. Outra empresa da incubadora que também conseguiu os recursos do Prime foi a Hiperon, cujo produto é um analisador de combustíveis. Fernanda de Souza Oliveira, gerente do empreendimento, relata: “Caso a gente cumpra todas as metas do plano de trabalho, a empresa ainda pode se candidatar ao Programa de Juros Zero, recebendo uma nova parcela de R$ 120 mil”. Desta vez, o valor precisa ser devolvido. Durante toda essa semana, incubadoras e empresas incubadas de todo o Brasil discutiram as questões pertinentes a acesso a mercado, tecnologia e financiamento durante o XX Seminário Nacional da Anprotec. De acordo com Emerson Corazza, da Redems, “sua realização vem para marcar a relevância do assunto no estado”. Essa é a primeira vez que o evento é realizado em Mato Grosso do Sul.
Fonte: Dourados News