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Clínicas particulares negociam compra de 5 milhões de doses de vacina indiana

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Setor privado brasileiro acredita que, no cenário mais otimista, testes serão concluídos em janeiro e Covaxin será aprovada na Anvisa até março

Além do poder público, a corrida pelas vacinas mobiliza também a rede privada. A Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC) articula a compra de 5 milhões de doses do imunizante Covaxin, produzido pelo laboratório Bharat Biotech, da Índia, e aprovado ontem para uso emergencial no país asiático.

A ABCVAC, entidade com 200 associadas e que representa 70% do setor no Brasil, enviará uma delegação à Índia nesta segunda-feira (4)para conhecer detalhes do imunizante. Sua importação para venda em clínicas particulares não provocará um desfalque à rede pública, já que o laboratório indiano não conduz negociações com o governo brasileiro.

Em nota, o presidente da entidade, Geraldo Barbosa, disse: “Inicialmente a notícia era a de que as clínicas privadas brasileiras não teriam doses disponíveis (…) com a entrada desse novo player no mercado, tivemos a oportunidade de negociação”. Em entrevista à GloboNews, ele acrescentou:

— Como o mercado todo já estava comprometido com demandas do governo, corretamente, porque acho que tem que ser prioridade, a gente tentou uma alternativa. E essa indústria indiana se disponibilizou a oferecer parte da produção para o mercado privado brasileiro. Então, é uma venda adicional que não vai interferir no quantitativo que o governo pediu.

Em nota, a Bharat Biotech disse que iniciou na Anvisa o processo de “submissão contínua” de resultados, mesmo processo adotado por outras quatro vacinas (Oxford/AstraZeneca, Coronavac, Pfizer/BioNTech e Janssen). A russa Sputnik V solicitou o início de testes do Brasil.

O presidente da ABCVAC espera que os testes com a Covaxin sejam concluídos ainda em janeiro. Logo depois, o laboratório entraria com um pedido de registro definitivo na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, no cenário mais otimista, a vacina estaria disponível em clínicas particulares brasileiras na segunda quinzena de março.

Aprovação emergencial criticada na Índia

A Covaxin foi desenvolvida pelo Bharat Biotech em conjunto com a Organização Central de Controle Padrão de Medicamentos — a organização de vigilância sanitária da Índia. O imunizante é administrado em duas doses com intervalo de duas semanas entre elas. Desta forma, induz um anticorpo neutralizante, que provoca uma resposta imune. Segundo a ABCVAC, o processo leva a “resultados eficazes em todos os grupos de controle, sem efeitos adversos graves relacionados à vacina”.

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A aprovação emergencial da Covaxin, celebrada pelo governo indiano, foi alvo de críticas entre parte da comunidade científica do país, que apontou uma suposta falta de transparência nos estudos. Sua taxa de eficácia, por exemplo, não foi divulgada — segundo fontes da agência Reuters, seria superior a 60%.

Também foi contestada a velocidade com que a pesquisa é realizada. A previsão era que os imunizantes seriam disponibilizados somente em fevereiro ou março. A fase 3 está em andamento desde novembro e envolve aproximadamente 26 mil voluntários.

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Ainda não há previsão do custo do imunizante, diz Barbosa, já que não há detalhes sobre sua logística e distribuição para o Brasil e as clínicas associadas. Ele destaca que a tecnologia do vírus inativo permite que o acondicionamento da vacina seja realizado entre 2 a 8°C.

De acordo com Barbosa, a Covaxin está há cerca de 40 dias em processo de submissão contínua à Anvisa. A agência pode exigir novos documentos antes de permitir a entrada do produto no mercado do país.

Ao GLOBO, porém, a Anvisa afirmou que ainda não foi procurada pelo ABCVAC. O processo de submissão contínua, salienta a agência, está disponível somente a empresas que promovem ensaios clínicos dos produtos no Brasil, o que não é o caso do Covaxin.

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Mellanie Fontes-Dutra, pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), destaca que, em todo o mundo, a administração das vacinas tem sido realizada pelos governos — portanto, a entrada do setor privado neste processo deve ser “bem analisada, para não gerar defasagem ou prejudicar a disponibilidade no setor público”:

— Em breve conheceremos dados sobre a fase 3 da vacina, o número de eventos e o perfil dos pacientes: de que idade são, como é o seu fundo genético.

No início de dezembro, a ABCVAC estimou que receberia as primeiras vacinas contra a Covid-19 apenas no segundo semestre, e isso em um cenário otimista.

— A prioridade mundial neste momento é direcionar a vacina para os grupos de risco — afirmou ao GLOBO, à época, Márcia Faria Rodrigues, da diretoria científica da associação. — Se você distribui doses agora para as clínicas privadas, como garante que a vacina vai chegar primeiro em quem realmente precisa? (O Globo)

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