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Durante ditadura: Governo tentou dizimar população indígena propagando vírus nas comunidades

04/06/2020 16h22 – Por: Folha de Dourados

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Por Pedro Pulzatto Peruzzo e Tiago Resende Botelho

Jair Messias Bolsonaro foi eleito pelo voto popular e direto homenageando ditadores, fazendo apologia à tortura, proferindo piadas lgbtqfóbicas, machistas e racistas, prometendo o armamento da população e fazendo pronunciamentos discriminatórios contra indígenas e quilombolas debaixo de um falso manto desenvolvimentista – compromissos cumpridos. Seus discursos virulentos, quando reunidos, montam um mosaico de violências, perversidade e ódio que reverbera numa sociedade ainda fortemente marcada pela cultura colonial.

Em janeiro de 2020, Bolsonaro afirmou que “Cada vez mais o índio é um ser humano igual a nós”. Janeiro de 2019 disse “vamos desmarcar [a reserva indígena] Raposa Serra do Sol. Vamos dar fuzil e armas a todos os fazendeiros”. Em abril de 2017, mês de descomemoração da Ditadura Militar – sim, ela perdurou por 21 anos -, defendeu que “Não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola”. No mesmo ano, discursou que “Pode ter certeza que se eu chegar lá (Presidência da República) não vai ter dinheiro pra ONG. Se depender de mim, todo cidadão vai ter uma arma de fogo dentro de casa. Não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola” . Abril de 2015, disse que “Os índios não falam nossa língua, não têm dinheiro, não têm cultura. São povos nativos. Como eles conseguem ter 13% do território nacional”, bem como, “Não tem terra indígena onde não têm minerais. Ouro, estanho e magnésio estão nessas terras, especialmente na Amazônia, a área mais rica do mundo. Não entro nessa balela de defender terra pra índio” . Abril de 1988, proferiu que “Pena que a cavalaria brasileira não tenha sido tão eficiente quanto a americana, que exterminou os índios”.

Seus discursos desconexos, ainda que ridicularizado pela imprensa nacional e internacional, vem sendo posto em pratica como um projeto de destruição aos povos da natureza. Invasões de terras, grilagens, queimadas, afrouxamento das legislações e fiscalizações aumentaram em 65% o desmatamento em área indígena na Amazônia entre agosto de 2018 e julho de 2019. O desmantelamento do IBAMA e da FUNAI se alastra por todo o Brasil trazendo mais medo e insegurança aos povos da natureza. Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra em 2019, o número de famílias que sofreram violências em suas casas e terras na Amazônia Legal saltou para 87% se comparado com 2018. De cada três famílias envolvidas em conflitos por terra, uma é indígena. Assim, de 144.742 famílias em conflitos, 49.750 são indígenas, representando 34,4%.

Frente à tanta violência faz-se fundamental o monitoramento interinstitucional das ações estatais e, em razão do forte apelo populista dessas ideias, também das ações civis de apoio aos povos indígenas durante a pandemia, pois existem muitas coincidências entre o cenário atual e o que marcou a ditadura civil-militar brasileira.

Além da falta de acesso à informação (apesar de amplíssimo acesso a recursos de expressão de ideias e pensamento), a ideologia do governo federal e seus seguidores se assemelha muito à ideologia dos ditadores e seus apoiadores, em especial nas décadas de 60 e 70.

Atualmente, de acordo com o último Censo Demográfico de 2010, 896 mil pessoas se autodeclararam ou se reconheceram indígenas no Brasil. Dessas, 572 mil (63,8%) vivem na área rural e 517 mil (57,7%) reside em Terras Indígenas (TI) oficialmente reconhecidas. Há, segundo o Censo, 300 etnias e 270 línguas faladas.

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