30/08/2016 09h05
A Polícia Federal informou, nesta terça-feira, que está ajudando a Polícia Judiciária de Portugal na identificação formal das brasileiras que foram encontradas mortas dentro de um poço, em Cascais, no país lusitano. De acordo com o delegado Roberto Câmara, da Superintendência da PF em Minas Gerais, que apura o caso, já foi solicitado às famílias das vítimas informações e materiais que possam agilizar a identificação dos corpos das vítimas: as irmãs mineiras Michele Santana Ferreira, de 28 anos, que estava grávida, e Lidiana Neves Santana, de 16, e a amiga delas, a capixaba Thayane Milla Mendes, de 21.
— Estamos auxiliando a polícia portuguesa. Já mandamos características físicas, como informações sobre tatuagens, aparelhos dentais e coletamos materiais. A previsão é que as autópsias acontençam hoje — explicou Câmara.
Ainda segundo o delegado, estão sendo resolvidos questões burocráticas para que o suspeito pelo crime, Dinai Gomes, que era companheiro de Michele, seja chamado para ser ouvido pela polícia novamente. Ele estaria no Brasil, segundo Câmara, e por ser brasileiro não poderia ser extraditado para Portugal, caso responda pelo triplo homicídio.
Em nota, a PF informou que “desde maio de 2016 tramita inquérito policial para apurar o desaparecimento das jovens” e que “está adotando diligências e mantendo constante troca de informações de inteligência com os órgãos de segurança daquele país, visando à célere elucidação do caso”.
As vítimas foram encontradas mortas dentro de um poço, em um hotel para animais, em Cascais, na última sexta-feira. Lidiana mantinha um relacionamento recente com Thayane. Mas, segundo o jornal português “I”, Dinai, que era companheiro de Michele, é “extremamente conservador”, e o fato de duas das vítimas manterem um relacionamento poderia ter motivado os crimes.
Para a mãe das irmãs brasileiras, Solange Santana Leite, de 50 anos, o suspeito foi “perverso” se agiu por esse motivo.
— Se ele as matou por esse motivo (homofobia), ele é uma pessoa muito perversa. Quando elas foram para Portugal, ele já sabia que elas eram homossexuais. Inclusive, foi ele quem pagou a passagem de ida de Lidiana. Ele concordou com tudo — contou Solange, que acrescentou: — Se foi por isso (homofobia), ele as atraiu para lá com toda a maldade, já pensando no que ia fazer.
Outra hipótese considerada pela Polícia Judiciária de Portugal, segundo o “I”, é que Dinai tenha cometido o crime por ser casado com uma mulher no Brasil e não querer que o relacionamento com Michele fosse descoberto.
As brasileiras estavam desaparecidas desde janeiro. No fim do ano passado, Michele convidou a irmã mais nova para morar com ela. A adolescente aceitou o convite. Pouco tempo depois, em janeiro, a capixaba amiga delas também viajou para o país. Foi quando a agonia de Solange começou. Dias depois da chegada de Thayane a Lisboa, ela perdeu contato com as jovens.
Em maio, o Itamaraty informou que acompanhava o caso desde fevereiro. Segundo as informações obtidas pelo órgão, as jovens teriam planos de ir para Londres, mas não havia registro nem da saída delas de Portugal, nem da entrada no Reino Unido.
O nome das mulheres chegou a ser incluído no sistema de alerta da imigração da polícia inglesa e da Interpol.
Corpos foram encontrados num hotel para cães e gatos (Extra.globo)
