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Para Zeca, Bolsonaro alimentou conflito indígena em MS

16/06/2016 08h18

Por: Folha de Dourados

Para o deputado federal e ex-governador Zeca do PT, Jair Bolsonaro, do PSC-RJ, pode ter contribuído para o ataque dos produtores rurais contra os indígenas em Mato Grosso do Sul. Na semana passada, Bolsonaro declarou que, em 2019, ‘o cartão de visita dos fazendeiros para o MST deve ser um cartucho de fuzil’, em respostas às invasões ocorridas em propriedade rurais no Estado.

“É claro que isso pode ter influenciado, justamente porque vivemos em um clima cujo o ambiente já é radicalizado. Acredito que ele como parlamentar poderia se preservar, ter um bom senso de não ter dito algo em uma região em que há conflito. Para mim, o que ele falou foi uma asneira e isso pode de certa maneira ter incentivado”, disse Zeca.

Durante a sua passagem em Campo Grande, Bolsonaro disparou que está preparando sua campanha para as eleições presidenciais em 2018, fez questão de demonstrar sua opinião sobre a questão agrária na região e não poupou termos pesados para se fazer entender. “Aqui é Capital do agronegócio, vamos deixar algo bem claro: a partir de 2019, o cartão de visita dos fazendeiros para o MST é um cartucho de fuzil”, declarou.

Zeca ainda afirmou que emitiu uma nota oficial lamentando mais um conflito ocorrido no Estado. “Lamento pelo ocorrido, me solidarizei com a família do indígena que foi morto. Lá peço a intervenção dos governos federal e estadual que precisam fazer alguma coisa. E também, da Justiça, que responsabilize o STF que até hoje não definiu as regras para a demarcação de terras, eles também são responsáveis por esse conflito”, afirmou.

O deputado ainda relatou que mesmo pedindo intervenção do governo federal, o atual do Governo comandado pelo presidente interino Michel Temer, do PMDB, é muito ruim. “A atuação do governo é muita atrasada, e agora está recuando sobre essa questão. Neste governo, os mais pobres são vítimas da falta de cuidado com as pessoas. Mas as pesquisas já mostram que a gestão está mal”, finalizou.

Conflito

O ataque ocorreu ontem (14), durante retomada indígena de Amambaí Peguá I, na região de Caarapó. O fato deixou um indígena Guarani e Kaiowá de 48 anos, que não teve a identidade revelada, com quatro tiros pelo corpo e um adolescente de 12 anos com um tiro no estômago.

“Todos foram baleados por projétil de arma de fogo. Segundo o médico, nenhum dos casos foi bala de borracha. Dos cinco que estão em Dourados, três já fizeram cirurgia e a situação é estável”, explicou advogado e assessor do CIMI, Luiz Eloy, que ainda afirmou que em Caarapó existe um número alto de indígenas feridos em razão do ataque promovido supostamente por fazendeiros.

Acampamento queimado

Elson, liderança de um dos 7 tekohas contemplados pela terra Amambaí Peguá I, tekoha Tey Jusu, contou que todo o acampamento, incluindo roupas, alimentos, e os barracos improvisados, foram queimados e enterrados pelos fazendeiros e jagunços.

“Eles foram na reserva Tey Kue, pegaram as motos, trouxeram todas as motos aqui, queimaram todas. Também pegaram os alimentos, as roupas, o acampamento e queimaram. Vieram com pá escavadeira, abriram buraco e enterraram tudo”, contou ele.

Os Guaranis e Kaiowás dependem agora de auxílio, estão sem alimentos, roupas e até documentos foram perdidos. “Nós viemos aqui por conta própria, ninguém ajudou a gente, cada um do seu tekoha trouxe um pouco de alimento, de coisas e viemos, mas perdemos tudo agora”.

Amambaí Peguá I

A retomada incidiu na Fazenda Ivu, que ocupa parte da terra Amambaí Peguá I. O território foi a última terra indígena a ser publicada pelo governo Dilma, e ficou suspensa após a posse do governo interino. De acordo com Elson, o ataque durante a manhã de terça-feira (15) levou cerca de 80 carros ao local, onde o Guarani e Kaiowá e agente de saúde indígena, Clodioudo Aguile Rodrigues dos Santos, de 20 anos, foi executado a tiros.(TopMidia)

(Fotos e montagem: TopMídiaNews)

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