12/08/2013 08h33
(*) Waldir Guerra
O Uruguai está propondo aprovar o plantio e comércio da maconha. Um absurdo penso eu e sei que muitos concordam comigo.
Até aqui ainda não vi boas explicações a respeito das manifestações nas ruas brasileiras e agora os uruguaios vêm com mais essa que também não tem explicações plausíveis.
Imagine você que os políticos uruguaios estão querendo combater os traficantes e para isso propõem descriminalizar o comércio da maconha. Parece piada, mas é verdade.
Parece piada e de muito mau gosto porque o Uruguai foi um dos primeiros países a proibir o fumo em ambientes públicos e isso não faz tanto tempo assim; foi em 2005. A Lei antitabaco foi implantada naquele país pelo presidente Tabaré Vasquez, um médico oncologista.
O Banco Mundial citou o Uruguai como país exemplo na luta global de combate ao fumo na América Latina. E segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) o fumo mata 5,6 milhões de pessoas a cada ano, ou seja, 10 pessoas por minuto. É necessário dizer mais alguma coisa?
Talvez seja necessário também acrescentar aos que desconhecem o assunto que a maconha, assim como o tabaco, para causar seus efeitos precisa ser aspirada, tragada. Isso mesmo. Ela é fumada na mesma maneira que cigarros.
Apesar de desconhecer totalmente os efeitos da maconha conheço bem os do tabaco porque fui fumante por 32 anos e acredito que posso falar deles, então. Tudo o que você vê e lê nos maços de cigarros é verdade. Acredito ter conseguido me livrar do vício ainda antes de os fabricantes misturarem as porcarias que hoje colocam no fumo para “amarrar” no vício os atuais fumantes.
Dos males causados pelo fumo você mesmo, sem ter sido um fumante, os conhece muito bem porque existe uma campanha sistemática apontando-os até na própria embalagem. Mas os males causados pelo uso da maconha talvez passem despercebidos, porém um dos piores aposto que você sabe muito bem identificar nos maconheiros: a indolência.
Então, não parece piada de mau gosto um país depois de ser lembrado e elogiado por suas iniciativas no combate ao vício do tabaco agora querer ser um dos primeiros na legalização do uso de maconha, outro vício tão maléfico – ou mais, sei lá – que o próprio tabaco?
Mas tem outras implicâncias ruins que essa legalização irá certamente acarretar e precisam ser lembradas também; basta andar lá pela fronteira do Uruguai com o Rio Grande do Sul para saber o quanto os fronteiriços, especialmente os produtores rurais brasileiros, andam preocupados com essa possibilidade.
Atualmente naquela região está havendo forte valorização das terras porque os estancieiros estão trocando a criação do gado pelo plantio de soja. Lá predominam as terras planas, e a proximidade com o porto faz com que os preços da soja sejam os mais altos do mercado.
Se há um lugar nesse mundo onde uma fronteira entre dois países os habitantes vivem em completa harmonia é na divisa entre Brasil e Uruguai. Uruguaios e gaúchos convivem harmoniosamente há séculos.
A preocupação tem suas razões, pois o tráfico de maconha certamente deverá fluir pela fronteira seca. Sim, fronteira seca porque não há um rio, ou mesmo uma cerca nessa divisa para ajudar a impedir esse contrabando.
O Brasil já tem exemplo disso na divisa seca com o Paraguai e com tráfico da maconha. Ali a criminalidade corre solta e a insegurança é total.
Por tudo isso, parece piada de mau gosto o Uruguai querer legalizar o uso e comércio da maconha.
(*) O autor é membro da Academia Douradense de Letras; foi vereador, secretário do governo e deputado federal. E-mail [email protected]
Por: Folha de Dourados
