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‘O governo tem obrigação de saber’, escreve o articulista

28/01/2013 07h51

O governo tem obrigação de saber

 **(*)Waldir Guerra**

Explicações a respeito do baixo crescimento da economia brasileira são dadas todo santo dia e por todo mundo, desde economistas que mais entendem disso passando pelos jornalistas, que o fazem por obrigação de ofício, e até por enxeridos, como acontece comigo.

As justificativas são tantas e tão diversificadas que no final das contas, como nada vai dando certo, sempre sobra a culpa pra alguém e ultimamente tem sobrado para o coitado do Ministro da Fazenda. Que um tanto lhe cabe, é verdade.

Muitas são as causas do PIBinho – como bem se referiu a presidente Dilma ao crescimento de 1% do PIB no ano passado – mas deixando um pouco de lado a enumeração das consequências, melhor seria que todo mundo dissesse logo onde foi cometido o erro lá atrás e que se trate de ir corrigindo, mesmo lentamente, o mal feito.

Nesse assunto tenho a mesma opinião do jornal Folha de S.Paulo: “Apesar das medidas positivas, falta ao governo Dilma visão integrada das questões, e a economia é administrada na base do improviso”.

Quando Fernando Henrique Cardoso assumiu a Presidência, em 1995, a carga tributária do país era 25% do PIB, Produto Interno Bruto. Essa carga tributária veio crescendo sistematicamente em todas as últimas administrações, desde a do próprio FHC, depois com Lula e continua também neste governo da presidente Dilma. Hoje a carga está acima de 35% de toda a riqueza que se produz por ano neste país.

Ao olhar os gastos que o Brasil fez nesse mesmo período, de 1995 até o final de 2012, em investimentos na infraestrutura, como estradas, portos, aeroportos, etc. nota-se que foi gasto apenas 0,4% do PIB. Enquanto isso, o governo, nesse mesmo período subiu de 25% para 35% os impostos sobre o que se produziu neste país.
O lado bom disso é que os gastos sociais consumiram todo esse aumento. As despesas com o social cresceram, mais ou menos, o mesmo tanto que foi arrecadado a mais nesses últimos dezoito anos.

Também sou um daqueles que concorda com essa maior distribuição de renda para as classes menos favorecidas e reconheço que veio em boa hora. É verdade que havia uma disparidade muito grande entre ricos e pobres e esses gastos sociais estão tirando da miséria milhões de brasileiros. Isso até criou hoje uma nova Classe Média – falam em 60 milhões de brasileiros – que emergiu e agora quer usufruir mais do que é bom.

Mas daí entra aquele ensinamento que os antigos passavam de pai pra filho: não dá pra comer todos os ovos que as galinhas põem; alguns dos ovos precisam ser chocados para criar outras galinhas, pois as coitadas envelhecem.
Pois é! Nesses últimos 18 anos, a nossa infraestrutura deveria ter sido ampliada pelo menos, o mínimo necessário, assim como o ensinamento antigo com as galinhas. E nesse mínimo está o setor mais importante para o crescimento da economia, o transporte interno – uma das galinhas poedeiras – que hoje não dá mais conta do recado. Pudera, gastando apenas 0,4% do PIB, nesses dezoito anos, pra toda a infraestrutura, onde se incluem estradas, ferrovias, portos, aeroportos etc. não há como.

O que fazer para melhorar a economia do país? Também não sei. Mas o governo tem obrigação de saber.

(*)Membro da Academia Douradense de Letras; foi vereador, secretário de Estado e deputado federal. [email protected].

Por: Folha de Dourados

O articulista Waldir Guerra - foto/arquivo

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