Seleção – 06/07/2007
A teoria não é minha, mas, merece o meu endosso. A seleção de Dunga inspira-se, essencialmente, naquela outra, a de 94, dirigida por Carlos Alberto Parreira e que tinha, por meta, garantir-se, jogando um futebol feio, porém, com risco zero de derrota.Tenho conversado com diversos colegas. Uns acham que o treinador Dunga não tem outra saída: com o material humano posto à sua disposição, de claras limitações, ou a equipe se reforça, defensivamente, ou tem vida breve, na Copa América. Não seria, portanto, questão de filosofia de jogo e, sim, tábua de salvação.A outra corrente sustenta que Dunga procede assim por pura convicção. Mesmo que tivesse à mão uma fartura de craques, ainda assim, ele ia preferir jogadores menos técnicos e mais combativos, no melhor estilo conservador, do qual foi modelo vitorioso ao longo de sua carreira. Um dos meus interlocutores me revelou que, há pouco tempo, teve um longo papo com Dunga, quando o técnico teria deixado claro a seguinte idéia: a maior prova de que o futebol ofensivo não compensa foi a seleção de 82 que, segundo ele, jogava bonito mas acabou perdendo. O exemplo oposto, citado pelo treinador, foi 94, quando o Brasil não dava espetáculo, mas dava alegria.Dunga está pouco se lixando pro gosto dos críticos. Ele nos vê como vagos poetas que jamais exprimiram a alma do povo. Ao torcedor, segundo Dunga, o que interessa é o ‘caneco’.Não sei se o meu colega chegou a falar com Dunga que o futebol brasileiro conquistou glórias no mundo inteiro, vencendo e jogando, sempre, lindamente. Eu vi o Brasil de 58 e o Brasil de 70, quando o futebol atingiu as culminâncias da própria arte.Este pobre marquês de Xapuri avisa a quem interessar possa: se, pra ganhar Copa do Mundo ou Copa América, a seleção tiver que jogar o futebol de meia tigela que tem jogado na Venezuela, sinceramente, eu me retiro de campo e ainda peço desculpa pela demora…
Fonte: Blog AN